segunda-feira, 31 de maio de 2010

Mais um duro golpe a imprensa independente de Angola

A compra dos jornais “A Capital”, “Novo Jornal” e “Samanario Angolense” por um grupo empresarial ainda não identificado pode ser considerado como mais um “duro golpe” dado à “imprensa independente” em Angola.
Apesar de não ter sido tornado público o nome do grupo e muito menos o dos seus proprietários, torna-se desnecessário metermos uma lupa para enxergar que isso pode ser considerado como o fim de um ciclo em que à linha editorial destes órgãos não sofria nenhuma interferência externa.
Segundo uma notícia divulgada esta segunda-feira, 31, pelo Jornal de Angola, o “Semanário Angolense” foi negociado por 1,5 milhões de dólares, ao passo que o semanário “Novo Jornal” terá ficado um pouco mais acima deste montante. Quanto ao semanário “A Capital”, a fonte garantiu que os valores da comercialização ficaram muito próximos dos do “Semanário Angolense”.
De acordo com uma fonte contactada pelo único jornal diário do país, numa primeira fase, alguns quadros do “Semanário Angolense” vão continuar em exercício de funções, exceptuando o director Graça Campos, que deve afastar-se, ficando a substituí-lo, como director do título, o jornalista Severino Carlos.
O Director de "A Capital", Tandala Francisco (TF), antecipou este sábado a mudança que o semanário vai conhecer ao escrever, num tom visivelmente dramático, o que ele considerou ser o seu último editorial.
"Este é o último editorial que assino, enquanto Tandala Francisco no semanário A Capital. Vou suspender, pelo menos nesse veículo, essa assinatura com a qual construí uma carreira de uma década, manchada por alguns fracassos, mas sobretudo coroada de muitos êxitos.
Razões de força superior que o tempo saberá esclarecer levam-me a abdicar desta prosa semanal que poderá surgir, quem sabe, num outro formato e com outra assinatura, mas nunca como Tandala Francisco. É assim a vida.
Por vezes, por menos que queiramos, temos mesmo que abdicar daquilo que mais amamos", desabafou o Tandala Francisco.

Novas direcções editoriais
No seu blog (Morro da Maianga), o jornalista Reginaldo Silva diz num texto publicado no domingo, que o “Semanário Angolense” e “A Capital” podem, já na próxima semana, sair para a rua com novas direcções editoriais, na sequência de uma negociação que terá ocorrido nos últimos dias, ao abrigo da qual os dois conhecidos semanários da capital foram comprados pela mesma empresa.
“Tandala não nos diz para onde vai, mas fica claro que "A Capital" não será mais o seu endereço de agora em diante, pelo menos como Director, enquanto aguardamos que o "tempo" nos diga quais foram as "razões de força superior" que levaram que o TF abandonasse o grande amor da sua vida”, explicou o Reginaldo Silva.
“Por ocasião do oitavo aniversário da publicação assinalado no passado dia 4 Abril e a convite do próprio TF escrevi um texto de opinião sobre o desempenho editorial do seu jornal o que fiz com muito gosto, tendo para o feito tecido os mais distintos encómios à independência editorial e à qualidade do projecto”, recordou o autor do Morro da Mianga.
Reginaldo Silva desabafou ainda que “depois desta alteração, cujas consequências editoriais ainda são desconhecidas, receio ter falhado redondamente”.

Recordado o oitavo aniversário.
Por ocasião de mais um aniversário, o jornalista Reginaldo Silva recorreu a sua pena para dizer que “oito anos depois, “A Capital” está aí bem “vivinha da silva” e ao que tudo indica disposta e com forças suficientes (que é o mais importante) para enfrentar a nova etapa da concorrência que, a este nível, devia ser balizada pelo próprio Estado.
É ponto assente que até agora o Governo não tem sabido (ou não tem querido?) assumir as suas responsabilidades constitucionais, com o propósito de impedir o monopólio/oligopólio que no horizonte já começa a ameaçar o mercado da liberdade de imprensa com os seus asfixiantes tentáculos.
Esta etapa, note-se, está a ser “imposta” ao mercado dos jornais e das revistas, pela entrada em cena e com alguma força, do capital privado, que, ao que parece, nem sempre é tão privado assim, pelo menos na sua origem, o que tem estado a alimentar algumas sérias e legítimas dúvidas quanto às suas reais motivações estratégicas.
Vamos pois ter de aguardar pelos próximos tempos para esclarecer muitas dúvidas, mas já com algumas certezas, quanto à natureza tentacular do nosso "polvo".
Salvaguardadas as devidas distâncias, estamos diante daquilo que nos mercados bolsistas se designa por "OPA hostil".”

Sebastião Vemba vence prémio CNN Multichoice de Jornalismo

Depois de nos termos juntados a corrente de torcedores do jornalista angolano Sebastião Vemba, a quando do anuncio da sua participação ao concurso da CNN Multichoice de Jornalismo, o Tribuna da Kianda felicita-o pela vitória.
Deste modo, o “amigo” Sebastião Vemba com a sua bravura de repórter soube representar condignamente o nosso país e espero que quando o mesmo voltar à “casa” seja recebido com as devidas honras que ele merece. Não só do Novo Jornal, órgão em que está veiculado, mas de toda a sociedade angolana e do Ministério da Comunicação Social.
Tendo em conta que não é todos os dias que temos um jovem de apenas 25 anos de idade, a vencer o mais prestigiado concurso a nível de África. À semelhança do que aconteceu com o jornalista Ernestro Bartolomeu, da Televisão Pública de Angola (TPA), que após vencer este mesmo prémio ganhou em consequência disso o Galardão do Prémio Maboque de Jornalismo.
Sebastião Vemba tomou conhecimento que é o vencedor da 15ª edição do Prémio Jornalista Africano CNN MultiChoise na categoria de notícias gerais de língua portuguesa, em Kampala, Uganda,
Indicado um dos 27 finalistas da 15 edição do concurso do prémio jornalista africano CNN MultiChoice, Vemba, de 25 anos de idade, tem quatro anos de jornalismo.
Sebastião Vemba concorreu com uma série de reportagens denominada “Adeus Ilha”, um total de três peças sobre os desalojados do Bairro Benfica, na Ilha de Luanda, para o Zango, publicadas no semanário “Novo Jornal”.
Na generalidade, o prémio foi arrebatado pela jornalista sul-africana Sam Roger, da ETV, com uma reportagem sobre a execução de albinos.
O jornalista Ernesto Bartolomeu, da Televisão Pública de Angola, venceu em 2009 na categoria de língua portuguesa com uma reportagem de corte histórico sobre o Kuito Kuanavale, município da província angolana do Kuando Kubango.
A 15ª edição deste concurso coincide com a celebração dos 30 anos da CNN, como o primeiro fornecedor de notícias do mundo.
O Prémio Jornalista Africano do Ano CNN foi fundado em 1995 por Edward Boateng que foi Director regional africano da Turner Broadcasting System Inc, empresa-mãe da CNN) e o falecido Mohamed Amin, com o objectivo de reconhecer e incentivar a excelência no jornalismo por toda a África.
Ministra da Comunicação Social felicita vencedor do prémio CNN MultiChoiseA ministra da Comunicação Social, Carolina Cerqueira, felicitou no sábado o jornalista angolano, Sebastião Vemba pela conquista do prémio CNN MultiChoice.
A governante incentivou igualmente a classe jornalística angolana a participar nas próximas edições de eventos que dignifiquem o jornalismo nacional.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Sebastião Vemba mede o peso do prémio Multichoice de Jornalismo

O jornalista angolano Sebastião Vemba considerou esta quinta-feira, 27, na cidade de Kampala, em entrevista a Angop que a sua indicação à final de um prémio internacional um momento que vai exigir maior responsabilidade no trabalho.
Indicado como um dos 27 finalistas da 15ª edição do concurso do prémio jornalista africano CNN MultiChoice, Sebastião Vemba conta com apenas 25 anos de idade e quatro de jornalismo.
O jornalista angolano concorreu com uma série de reportagens intituladas “Adeus Ilha”, um total de três peças sobre os desalojados do bairro Benfica e da Ilha de Luanda transferidos para o Zango, publicadas pelo semanário “Novo Jornal”.
A entrega do prémio será feita a 29 de Maio do corrente ano na Cidade de Kampala, mas a anteceder o anúncio do prémio os concorrentes participarão em alguns seminários sobre a situação do jornalismo africano.
Na edição 2010, o jornalista angolano José Luís Mendonça integra o corpo de jurado. Importa lembrar que em 2005 o mesmo foi agraciado com o galardão “Notícias Gerais da Lusofonia”, no concurso CNN-Multichoice Jornalista Africano.
O jornalista Ernesto Bartolomeu, da Televisão Pública de Angola (TPA), venceu em 2009 o CNN MultiChoice, na categoria de língua portuguesa, com uma reportagem de corte histórico sobre o Kuito Kuanavale, município da província angolana do Kuando-Kubango.
Para participar no concurso “Jornalista Africano CNN MultiChoice o jornalista tem que ser cidadão de um país africano e trabalhar no continente para organizações de comunicação social de propriedade africana, ou que tenham sede em África.
Outro requisito é do órgão produzir uma publicação impressa ou uma transmissão por meio electrónico (difusão televisiva, difusão radiofónica ou website) destinada, sobretudo, ao público africano.
A 15ª edição deste concurso coincide com a celebração dos 30 anos da CNN, como o primeiro fornecedor de notícias do mundo.
O Prémio Jornalista Africano do Ano CNN foi fundado em 1995 por Edward Boateng que foi director regional africano da Turner Broadcasting System Inc, empresa-mãe da CNN e o falecido Mohamed Amin, com o objectivo de reconhecer e incentivar a excelência no jornalismo por toda a África.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Candidatos ao Prémio CNN Multichoice reúnem no Uganda

Os 27 finalistas de 15 países que concorrem este ano ao galardão da 15ª edição do prémio jornalista africano CNN Multichoice 2010, encontraram-se pela primeira vez esta quinta-feira, 27, na cidade de Kampala, Uganda.
De acordo com uma fonte afecta a comissão organizadora, contactada pela Angop, entre os 27 finalistas constam jornalistas de Angola, Uganda, Ghana, Madagáscar, Nigéria, Marrocos, Malawi, África do Sul, Somália, Quénia, Côte d'Ivoire, Uganda, Lesotho, Moçambique e Argélia

A fonte deu ainda a conhecer que este ano a competição recebeu participações de 975 jornalistas de 40 países do continente, incluindo a África Francófona e de Expressão Portuguesa.
Os vencedores da competição serão conhecidos no dia 29 de Maio do corrente ano durante uma gala que terá lugar num dos prestigiados hotéis da cidade de Kampala.
Os finalistas da prestigiosa competição foram anunciados em Abril de 2010 por Joel Kibazo, presidente do painel independente de júri.
Na ocasião, Joel Kibazo considerou 2010 como sendo um ano de recorde absoluto para candidaturas a estes prémios e destacou que não só os números continuam a crescer todos os anos, mas também a qualidade tem aumentado.
“Fiquei particularmente impressionado pelo número crescente de jornalistas que atravessaram fronteiras na perseguição de histórias. Este amadurecimento do jornalismo, por todo o continente, combinado com os avanços tecnológicos, criou um corpo de trabalho maior e tornou os prémios mais emocionantes para avaliar, asseverou.
A Angop soube também que este ano o receptor do Prémio Africano na categoria de Imprensa Livre vai para Mustafa Haji Abdinur, co-fundador da rádio SIMBA em Mogadíscio e fundador do Somali Media for Peace and Development (SOMEPED).
Este prémio é-lhe concedido pelo seu trabalho na Somália que inclui a iniciativa “Jornalismo da Paz” que lançou com a ajuda dos colegas jornalistas somalís.
O galardão nessa categoria é entregue como reconhecimento de todos os jornalistas na Somália que colocaram as suas vidas em risco para contarem a história.
Fonte da organização disse à Angop que nove jornalistas morreram em 2009 na Somália, enquanto cumpriam os seus deveres profissionais.
O Prémio Jornalista Africano do Ano CNN foi fundado em 1995 por Edward Boateng que foi director regional africano da Turner Broadcasting System Inc, empresa-mãe da CNN e o falecido Mohamed Amin, no sentido de reconhecer e incentivar a excelência do jornalismo por toda a África.
O jornalista Ernesto Bartolomeu, da Televisão Pública de Angola (TPA), venceu em 2009 na categoria de língua portuguesa com uma reportagem de corte histórico sobre o Kuito Kuanavale, município da província angolana do Kuando Kubango.
Em 2005 o jornalista angolano José Luís Mendonça venceu na categoria de “notícias gerais da Lusofonia”.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Manifestação no consulado de Angola em Lisboa

Um grupo de 50 indivíduos de nacionalidades angolanas e portuguesa juntaram-se esta terça-feira, 25, em frente ao Consulado de Angola em Lisboa, apelando à garantia do respeito pelos direitos humanos da parte do Governo deste país.
A manifestação promovida pela secção portuguesa da Amnistia Internacional que ocorreu no dia de África, durou três horas (7-20:00) e ficou marcada com a exibição de vários cartazes com apelos ao respeito pelos direitos humanos que consideram estar a ser violados com absoluta impunidade.
A actividade contou com a participação de membros de diversas ONGs internacionais que têm parceira com as organizações angolanas de defesa dos direitos humanos, com destaque para Christian Aid e Human Rigths Watch. Juntaram-se também a marcha os activistas angolanos Fernando Macedo (AJPD) e Luiz Araújo (SOS Habitat).
A activista britânica e defensora dos direitos humanos Saraah Wykes, que no passado foi detida em Cabinda, juntou-se também a esta causa.
A manifestação mereceu a cobertura jornalística pela RDP, RTP, pela Voz da Alemanha e pelo jornal o Público. A partir de uma das janelas do Consulado de Angola um operador de câmara de filmar registou o acto durante todo o tempo.
Nenhuma entidade da representação diplomática de Angola se dirigiu aos manifestantes e poderia tê-lo feito com a certeza de que seria tratado com o maior respeito.A Policia de Segurança Publica esteve presente garantindo a ordem o que aqui agradecemos e apontamos como exemplo a ser seguido pela Policia Nacional de Angola.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Moradores do bairro Baixo Prenda sem destino a vista

O director do Instituto de Planeamento e Gestão Urbana de Luanda (IPGUL), Hélder José, revelou esta quinta-feira 13, a O PAÍS que os moradores do bairro do Baixo Prenda poderão permanecer naquele local até que a empresa Vida Urbana, promotora do projecto de requalificação deste perímetro, consiga construir as habitações para onde serão transferidos.
Questionado para onde será transferida a população, Hélder José recusou-se a falar do assunto, alegando que se trata de um projecto muito sensível e que deverá ser anunciado na altura certa.
“O local está a ser tratado pelos promotores e eles já foram orientados a contactarem todas as entidades que podem contribuir para que a informação seja transmitida da melhor maneira possível, de modo a evitar que haja desentendimentos. Por isso, acho que não é conveniente dizer agora para onde serão transferidos tendo em conta a complexidade deste processo”, declarou.
O director do IPGUL disse ainda que caso seja posto em prática, serão priorizadas as residências que se encontram junto os canal de drenagem. “Quem passa por ali consegue ver que as pessoas que habitam no limite da vala de drenagem encontram-se em condições desumanas. Nós estamos a lutar para melhorar a qualidade de vida das nossas populações para evitar que historias como a das duas crianças que foram decapitadas pelos ratos volte a acontecer”, justificou.
Apesar da forma brusca como arrancou o projecto, devido à ordem de despejo da equipa médica e dos pacientes que recebem tratamento no Dispensário de Anti-tuberculose e Lepra de Luanda, o nosso interlocutor garantiu que o mesmo só foi aprovado depois de inúmeras discussões entre o Governo e a direcção da empresa Vida Urbana.
“Antes de ceder o espaço à promotora, solicitámos que tivessem os moradores como os principais elementos de negociação e tendo em conta as confusões que houve, o Governos orientou-se para refazerem o programa e enquadrarem o Dispensário dentro dos projectos que serão requalificados”, explicou.
Acrescentando de seguida que “aquele bairro, que posso a chamar de área desarrumada, será transformado numa zona com edifícios de cinco andares, terá boas vias de acesso, lojas, espaços desportivos e de lazer”, detalhou.
Hélder José explicou que não realizam concursos públicos para adjudicação de obras de requalificação dos bairros, porque o GPL tem recebido propostas de diversas empresas que são aprovadas em função das necessidades.
Para justificar a necessidade de se implementar o plano de requalificação daquela parcela da cidade, o arquitecto recorreu também ao facto de o Hospital do Prenda ter sido invadido, duas vezes, pelos jovens que habitam nos bairros suburbanos que circunscrevem a zona depois de se atacarem com cacos de garrafas e exigirem com armas de fogo que fossem atendidos.
“Depois das rixas os jovens invadem o Hospital do Prenda e exigem que os profissionais de saúde párem com os seus afazeres e atendam imediatamente o integrante do gang que estiver ferido.
Nestes casos, os enfermeiros tiveram que fugir e os pacientes ficaram sem saber o que fazer porque eles fizeram vários disparos”, contou.


Espaços públicos privatizados há anos
Quanto à construção de grandes edifícios nos espaços baldios que se encontram no casco urbano, o arquitecto Hélder José disse que a maior parte dos espaços baldios, que se encontram no centro da cidade onde estão a ser edificados grandes torres, foram cedidos pelas pessoas que estiveram à frente dos destinos da província após a independência.
“Desde 1975 para cá a cidade teve vários comissários que mais tarde passaram a ser chamados de governadores e o nosso panorama histórico e urbanístico passou por várias situações, algumas não muito boas, visto que não havia Lei de Terra muito menos de ordenamento do território. Existiam apenas algumas legislações avulsas e neste período houve situações em que o Estado procedeu à concessão provisória desses espaços”, frisou.
Acrescentando de seguida que “isso aconteceu porque essas pessoas se comprometeram a aproveitar estes espaços para a construção de empreendimentos, o que só agora está a ser feitos.” Sem querer culpabilizar os anteriores funcionários do Governo da Província, Hélder José contou que a instituição que dirige tem estado a receber processos accionados naquela altura e que, em alguns casos, registam algumas insuficiências.
“Não quero criticar ninguém tendo em conta que o contexto era outro, os meios que tínhamos eram aqueles e a forma como o Estado intervinha não tinha a força jurídica que passámos a ter em 2004. Isso faz com que se torne bastante complexo debruçar-se sobre este problema”, esclareceu.
O nosso interlocutor acrescentou que apesar de existir actualmente uma lei que prevê que caso um terreno se mantiverem intactos no prazo de cinco anos o Estado pode voltar a recebe-lo. Isso não é feito porque as pessoas podem solicitar uma indemnização a que ele não esteja à altura de pagar.

Dos lotes do Prenda para Viana
O arquitecto Hélder José declarou que o projecto de requalificação dos lotes do Prenda se encontra paralisado, por questões administrativas que têm a ver com a empresa que levará a cabo esta transformação.
Hélder José disse ainda que a empresa de construção civil Pidi Urbana e Tanix previa simplesmente a transferência dos moradores dos lotes do Prenda para os edifícios de cinco e seis andares que seriam construídos em Viana, nas proximidades da Residencial Ginga Cristina, mas ao longo do processo viu-se a necessidade de se alinhavar outros mecanismos para que possam haver opções.
No entender do nosso interlocutor, as pessoas que vivem nas zonas que serão requalificadas não devem esperar que seja o Estado a fazer tudo porque ele não tem dinheiro suficiente para arcar com os encargos financeiros que resultam deste tipo de empreitada.
“Por isso é que no âmbito das parcerias públicas e privadas o Estado busca aqueles promotores que manifestam interesse em transformas determinadas áreas, desde que tenham capital suficiente e facilitem todos os mecanismos necessários para a execução do mesmo. Isso acaba por reduzir de certa forma o peso do Orçamento Geral do Estado, tendo em conta que existem coisas que deviam estar sob o seu encargo e acabam por ficar para os particulares”, concluíu.

Cabo da ENE electrocuta três pessoas

Um cabo de média tensão da Empresa Nacional de Electricidade (ENE), que passa pelo bairro da Caop, município de Viana, rebentou na sexta-feira, 14, matou o cidadão Alberto Uame, 34 anos, e feriu gravemente duas crianças.
As meninas, cujos nomes não foram revelados, encontram-se internadas na unidade de cuidados intensivos no Hospital Neves Bendinha, o único especializado em queimaduras, onde foram levadas depois da tragédia.
O incidente ocorreu no período da tarde de um dia que seria de alegria para o mecânico da empresa de transporte SGO, porque tinha sido promovido. O primo do malogrado, Domingos Segunda Augusto, contou que as duas crianças atingidas estavam de passagem quando o fio rebentou e o parente tentou socorre-las. O barulho causado pela queda do cabo levou as pessoas que circulavam na via a fugir, deixando as crianças entregues à sua sorte.
Alberto Uame entrou na sua casa e tirou o barrote que serviu para afastar o metal do corpo das vítimas. Segundo conta, ao afastar o cabo de aço, a força da energia que trazia fez com que o mesmo se enrolasse no corpo do “salvador”. Os telefonemas efectuados pelos vizinhos aos Bombeiros e à ENE, para desligarem a linha, não foram suficiente para impedir a tragédia.
Domingos Augusto disse que o fio atingiu as paredes da sua casa e as pessoas que lá se encontravam só não foram atingidas porque estavam sentadas no sofá a assistirem televisão. No pilar da residência ainda se pode ver as marcas da força do cabo de electricidade.
Os familiares de Alberto Uame lamentam o facto de a ENE só ter desligado a electricidade três horas depois de lhes terem sido comunicada.
Enquanto isso, os efectivos do Comando Municipal da Polícia de Viana permaneceram a proteger o local do incidente.
“Por falta de transporte adequado, tivemos que remover o corpo para a casa mortuária de Catete, no Bengo, numa viatura particular. Foi transferido no dia seguinte para a morgue do Hospital Josina Machel, onde se pretendia efectuar a autópsia, mas o estado do corpo não permitiu”, explicou.
A mãe do malogrado, senhora Uame, soube do incidente do filho através de uma pessoa amiga que lhe telefonou. Consternada, a senhora mostrou à reportagem de O PAÍS o estado em que ficou a camisola que o malogrado trajava no dia e detalhou, aos prantos, que ele ficou com a maior parte do corpo carbonizado.
Os parentes consideraram irrisórios os 100 mil kwanzas que a ENE deu para custear as despesas do óbito e exigem que ela se responsabilize pela formação e educação dos oito filhos que a vítima deixou.
O porta-voz da ENE, Mariano de Almeida, disse que a sua empresa não tem nenhuma responsabilidade sobre a ocorrência, porque as crianças é que foram brincar com o cabo de mais de 220 quilowatts que se encontrava no chão. Segundo ele, a situação tornase mais grave pelo facto de existir uma norma internacional que estabelece que não deve haver nenhum imóvel ou circulação de pessoas a menos de duzentos metros de distância de cada lado dos cabos de média tensão de electricidade.
Mariano de Almeida manifestouse preocupado com os cidadãos que constroem casas nos locais propensos a este tipo de incidentes, em vez de se refugiarem num local seguro. “Como é habitual, sempre que acontecem casos de fios que caem em cima de casas a direcção da ENE apoia as famílias.
Neste não está a acontecer de maneira diferente, porque tanto a do jovem que morreu como a das crianças que se encontram no Hospital estão a receber a nossa ajuda”, explicou.
Contrariando as informações avançadas pelos familiares da vítima, o porta-voz da ENE disse que a sua empresa apoiou o óbito, comprou o caixão e outros bens alimentares. “As crianças estão a receber o apoio do gabinete de recursos humanos e da área social da nossa empresa, tudo isso por uma questão de solidariedade. O que acontece é que na nossa sociedade as pessoas acham que, para além da comida, a empresa é que tem que dar aguardente e sustentar os familiares”, concluiu.

Malfeitores com os dias contados

O comissário-chefe da Polícia Nacional, Paulo de Almeida, declarou que, caso seja provada a participação de membros do seu efectivo na execução dos jovens, eles serão entregues à justiça para que sejam julgados em função do que esta estabelecido por Lei, visto que esta prática não faz parte da natureza da corporação.
“Os órgãos judiciais têm que intervir, sobretudo as procuradorias para legalizarem as diligências que precisam de ser feitas e tudo indica que nos próximos dias estaremos em condições de dizer publicamente quem são os autores desta barbárie”, explicou o oficial.
O comissário-chefe explicou que a Polícia é uma força que tem a responsabilidade de manter a ordem, a tranquilidade e de garantir o sentimento de segurança dos cidadãos e não se pode comparecer com atitudes desta natureza. Os peritos da Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC) estão a averiguar se a operação foi superiormente orientada.
“De acordo com as investigações levadas a cabo, há alguns indícios (do envolvimento de membros da corporação), mas como estamos numa fase de instrução do processo achamos por bem que algumas coisas ainda sejam reservadas, para podermos ter melhores resultados nas nossas averiguações”, assegurou o segundo comandante.
Segundo o comissário-chefe, a Polícia Nacional conta actualmente com 100.000 efectivos, 80 por cento deles não têm casa própria, vivem em casas arrendadas e em cubatas. As condições sociais são apontadas como uma das causas dos comportamentos do funcionário da corporação. “Há Policias que não têm cama para dormir e passam a noite no luando, não porque têm giba, mas porque não têm.
Entretanto, o governo esta a trabalhar e a construir casas para que as pessoas tenham outras condições de vida e mais ânimo para trabalhar”, explicou o oficial.
O segundo declarou ainda que cerca 40 por cento das pessoas que estão na Polícia entraram por falta de emprego e não porque têm amor a profissão.
Paulo de Almeida disse também que a Polícia está a sofrer um processo de reformação dos quadros e que os funcionários que demonstram uma conduta indecorosa têm sido demitidos. sobre o sucedido, Paulo de Almeida classificou como “repugnante e não podemos cruzar os braços perante situações desta natureza, e também não podemos cruzar os braços perante a nossa responsabilidade de garantir a ordem e a tranquilidade públicas”.
No entender do segundo comandante, a Polícia tornou-se mais comunitária do que antigamente, apesar de existirem ainda aqueles incidentes que vão criando uma imagem contraria a realidade. Segundo ele, estão a trabalhar para melhorar não só a qualidade dos serviços que prestados à população, mas também para dar uma outra imagem às esquadras.
Irónico, o número dois da Polícia salientou que possuem unidades tão feias que só pelo contacto visível as pessoas têm medo de ir lá e estão a inverter esse quadro para que tenhamos uma Polícia de Proximidade.

Esquadrão da morte
Questionado sobre a existência dentro da corporação de um grupo de oficiais com a função de matar os meliantes que já têm o cadastro sujo, semelhante aos “esquadrões da morte”, o subcomissário Leitão Ribeiro retorquiu logo de imediato sem dar tempo ao próprio segundo comandante da Polícia, que descartou tal possibilidade.
“Isso até é uma provocação”, respondeu Leitão Ribeiro, ao passo que o segundo comandante respondeu depois de dar um sorriso. Segundo Paulo de Almeida, em Angola não existe esquadrões da morte, nunca existiu nem no tempo da guerra.
“Isso, se calhar, são filosofias de países com regimes ditatoriais. Nós somos um Estado democrático e de direito. Repudiamos tudo aquilo que seja grupos de morte. Evidentemente que podemos ter grupos operativos para actuar em acções mais delicadas e eles são treinados para isso, mas esses não têm mandato para a morte”, esclareceu Paulo de Almeida, acrescentando que os seus efectivos só têm a autorização de atirar para matar quando for em legítima defesa.

Polícia acusada de matar três jovens no Benfica

O segundo comandante-geral da Polícia Nacional para a Ordem Pública, Paulo de Almeida, revelou esta terça-feira 18 em Luanda, que existem fortes indícios que apontam para que o homicídio dos jovens Kléber Teodoro, 25 anos, Hamilton Kadu, 21 e Willian Luís “Liro Boy”de 19, na comuna do Benfica, na madrugada de segunda-feira 11, tenha sido praticado por oficiais da Corporação destacados naquela zona.
Paulo de Almeida explicou na conferência de imprensa que os investigadores estão a trabalhar para descobrir as razões que levaram os suspostos agentes da Polícia a praticarem este crime.
A avó paterna dos malogrados Kadu e Liro Boy” explicou que os dois primos não moravam com ela e que o primeiro se deslocara à sua casa com o intuito de passar o fim de semana em sua companhia. Já o segundo apareceu no domingo acompanhado da sua esposa e do filho que estava doente.
Além de primos, os dois rapazes que viviam permanentemente em conflito, partilhavam ainda o facto de serem órfãos de pai e cresceram entre a casa das suas mães e das avós. Por sua vez, Kléber Teodoro, o mais velho dos jovens assassinados, saiu de Angola com destino à Zambia com sete anos de idade.
Depois seguiu para o Zimbabwe onde concluiu o curso superior de informática e recentemente decidiu regressar à sua terra natal.
Apesar da pouca idade que tinha e da falta de possibilidade para ingressar no ensino médio, Kadu decidiu abandonar a residência da sua avó e refugiar-se em casa da mãe na Vila Clotilde, onde montou uma pequena oficina de motorizadas e só se deslocava ao Benfica quando tivesse a confirmação de que Liro Boy não se encontrava lá, segundo os familiares.
A avó dos jovens contou que, contrariamente ao suposto marginal, que só passou a noite naquele local porque a sua esposa, Madalena de Oliveira “Pick” insistiu por causa do estado em que a criança se encontrava, Kadu decidiu permanecer também no mesmo local para não fazer uma desfeita ao pedido da ‘cunhada’.
Por falta de quartos, o casal foi acomodado em cantos separados na sala, ao passo que o filho, o pequeno Anderson Luís, dormia numa coberta estendida logo à entrada.
Enquanto isso, Kadu ficou nas proximidades de uma janela que se encontra num outro extremo.
Angelina Diogo detalhou que os presumíveis autores do crime apareceram por volta das 3 horas da manhã, em duas viaturas de marca Toyota Hilux, trajados de roupas escuras e botas da Polícia Nacional, com os rostos cobertos com capuchinhos. Antes de darem a conhecer que estavam presentes naquele local, os agentes saltaram o muro do quintal e começaram por importunar os estudantes bolseiros que vivem nos anexos da casa.

Ao aperceber-se que o imóvel estava cercado por um grupo de indivíduos, que se apresentaram como sendo efectivos da Polícia, a avó dos jovens facilitou o acesso destes ao interior da casa e ordenou a Liro Boy que se apresentasse para acabar com o incomodo que estava a ser causado com a presença deles. “Eles já conheciam o Liro, porque no momento em que o meu neto Kadu abriu a porta estávamos todos em pé. A única pessoa que eles agarraram logo de imediato foi a pessoa que procuravam”, contou a anciã.
Depois de retirarem o presumível autor de inúmeros assaltos e homicídios ocorridos na via pública, levaram-no à força e sob fortes pancadas para o automóvel. E partiram. Mas regressaram minutos depois, provavelmente em função de algo que lhes terá sido transmitido pela pessoa que transportavam e exigiram que Kadu também se fizesse presente.
Segundo a anciã de 64 anos, o seu neto dizia ser inocente e que não tinha nada a ver com os crimes cometidos por Liro Boy, mas os supostos agentes da Polícia não quiseram saber do seu pedido. Espancaram-no e um deles manipulou a arma que transportava porque viram que não conseguiriam retira-lo sem recorrer a este meio.
“As pessoas que lá se encontravam juntaram-se em coro clamando a inocência de Kadu”, contou a avó.
Os familiares dos jovens tentaram acompanhar os polícias, mas estes protestaram ameaçando com a arma de fogo para travarem a marcha daqueles. Diante desta situação, preferiram aguardar que amanhecesse e rezar para que nada de mal lhes acontecesse.


A última oportunidade de Liro
Alguns dias antes de morrer, o jovem Wilian Marques Luís “Liro Boy”, de 19 anos, havia recebido uma bolsa de estudo que lhe foi atribuída pela igreja Católica para frequentar a nona classe na escola Martires do Uganda.
Segundo o administrador da instituição, Edivaldo Pinto, o malogrado que passava a noite no Futungo, havia manifestado que estava arrependido dos crimes que cometeu e solicitado ajuda ao padre que exerce o cargo de director da escola e do centro de reabilitação social.
“Ele mostrava-se bastante feliz por estar a frequentar a nona classe no nosso estabelecimento do ensino e, à luz da bolsa, tinha o direito de receber mensalmente um valor monetário para sustentar os seus estudos”, explicou.
Apesar de estar a frequentar as aulas apenas há cinco dias, ao tomarem conhecimento da morte do jovem, a direcção daquela instituição de ensino cumpriu com os rituais que todos os estudantes têm o direito que é colar a fotografia dele na parede para dar a conhecer aos seus colegas.
Os parentes de Kadu e Liro Boy tiveram a confirmação que ambos estavam mortos, a partir de umas das filhas de Angelina Diogo que se dirigiu inconformada e aos delírios para a morgue. Ela contou que Liro foi o que mais tiros levou e algumas facadas no peito. Kadu e Kleber que não se conheciam foram mortos com dois tiros na cabeça e um nas costelas.
O comissário-chefe Paulo de Almeida referiu que o jovem Liro era de facto delinquente e que pesavam sobre ele várias acusações de delito. “O jovem Liro era bandido, mas isso não dá o direito a quem quer que seja de lhe tirar a vida. Ele deveria pagar pelos seus crimes mediante a sentença do tribunal. É isto que está na Lei e é isso que a Polícia devia comprir”, concluiu.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Cidadão português preso em Angola por burla

O cidadão português Emílio da Conceição Domingos, 43 anos, foi preso em flagrante delito na quinta-feira, 22, quando tentava vender loiça falsa a alguns moradores do bairro do Prenda, mas foi solto esta quarta-feira depois de ser ouvido pelo representante da Procuradoria-Geral da República junto do Comando Municipal da Maianga.
Segundo uma fonte deste jornal destacada naquela unidade, o comerciante foi posto em liberdade provisória enquanto o processo estiver em andamento porque não chegou a vender. “O que aconteceu foi apenas uma tentativa de querer vender o produto, embora seja um crime, terá sido por isso que o procurador o mandou para casa a fim de aguardar a sequência do julgamento em liberdade”, explicou a nossa fonte.
Há duas semanas a Rádio Luanda dedicou especial atenção, no programa Kiandando, ao facto de existirem alguns cidadãos de nacionalidade portuguesa a enganarem as pessoas vendendo produtos falsos, facto que terá contribuído para que os moradores do Prenda denunciassem às autoridades policiais.
“Nós recebemos a denúncia de que este cidadão estava a tentar vender loiça de cozinha de porcelana e outros objectos falsos a um preço muito elevado, mas como já havíamos recebidos várias participações acerca do mesmo assunto deslocamos para lá uma patrulha que acabou por detê-lo no momento em que tentavam fazer o negócio”, frisou. Apesar de não conseguir detalhar se têm conhecimento do local onde o comerciante reside e se existe uma plano traçado para o controlarem enquanto estiverem a decorrer as investigações, a nossa fonte declarou que os dados do passaporte do acusado mencionam ele é um comerciante, filho de António Vieira e de Maria José da Conceição.

Cidadão mata mulher no Sambizanga

O cidadão Constantino Dunbo, 30 anos, é acusado de espancar até à morte a sua esposa Marta Samuel, 28 anos, na noite de segunda-feira, 26, no município do Sambizanga, em Luanda. Vivia há 13 anos e tinha quatro filhos com idades respectivamente de nove meses, dois, quatro e seis anos.
O jovem, que trabalha numa empresa de segurança, contou à imprensa que brigou com a sua esposa porque ela desobedeceu a uma ordem médica no sentido de se abster do consumo de bebidas alcoólicas, devido a uma ferida crónica.
“Os médicos já tinham recomendado para ela deixar de beber por causa dos estragos que o álcool poderia causar à sua saúde, mas ela insistia e sempre que eu chegava do serviço era informado que ela continuava a beber”, frisou.
Constantino Dunbo contou que por volta das 18 horas, estava em casa a descansar em companhia dos quatro filhos, quando o informaram que a sua esposa estava embriagada na rua e que não conseguia chegar a casa. Passados alguns minutos, segundo contou, a mulher entrava em casa num estado lastimável.
“Quando ela entrou em casa procurei saber que motivos a levaram a beber até chegar naquele estado e a minha esposa respondeu apenas que estava desesperada, porque a sua ferida não curava”, lembrou o acusado.
O presumível assassino revelou que a vítima ficou aborrecida com a chamada de atenção e começou a arrancar o postiço que tinha na cabeça, tendo-se atirado contra ele. “Não resisti e dei-lhe dois socos na barriga e, como ela estava agitada, fez uns movimentos estranhos caiu e bateu com a cabeça num ferro que se encontrava no quintal”, detalhou.
Questionado porque não socorreu imediatamente a sua companheira, ao vê-la deitada no chão, Constantino confessou que não foi a tempo, porque ela levantou-se alguns minutos depois.
O casal foi dormir, mas ao tentar acordar Marta Samuel para fazer as pazes, Constantino Dumbo notou que o corpo da esposa estava gelado e concluiu que a ela tinha falecido.
Segundo ele, estavam a dormir quando ela se levantou para ir à casa de banho, mas quando regressou tentou acordá-la para uma possível reconciliação. “Depois de ver que ela estava fria”, Dumbo conta que olhou para o relógio, eram três horas da manhã.
Esperou que amanhecesse para ir a casa dos seus familiares informar sobre o sucedido e posteriormente à Esquadra Policial mais próxima, onde se apresentou para evitar que os parentes dela o encontrassem primeiro. “Eu receava que me poderiam matar, a pensar que fui eu quem pôs fim à vida da filha deles”, alegou o senhor, explicando que assim como outros casais, ele e a malograda viviam num ambiente normal. Com alguns problemas, mas que acabavam por ser ultrapassados. “Sempre que tínhamos um problema, eu limitava-me a chamar -lhe a atenção, embora, na maior parte das vezes, tivesse de lhe bater com algumas chicotadas nas nádegas”, confessou arrependido, adiantando que nunca chegou a inflamar-lhe o rosto. “Desta vez e para meu azar, aconteceu o pior”, concluiu.
Para o funcionário do gabinete de comunicação e imagem do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, subinspector Nestor Goubel, tudo indica que a vítima morreu depois de ter batido com a nuca num objecto, fruto de uma bofetada desferida pelo marido.
700 Detidos em 30 dias
Os efectivos da Polícia Nacional desmantelaram 14 grupos de marginais e detiveram 700 indivíduos como resultado de 20 operações de patrulhamento realizadas nos nove municípios da capital.
O subinspector Nestor Goubel disse que, para além dos grupos referidos, foram desmantelados parcialmente 11 grupos de marginais.
Os grupos, que actuavam numa composição de quatro a seis elementos, com idades entre os 16 e 25 anos, eram protagonistas de actos de vandalismo, assaltos à mão armada na via pública, muitas das vezes no período diurno, roubo de telemóveis, jóias e viaturas.
Os jovens são indiciados como falsificadores de documentos, autores de homicídios voluntários, assalto a estabelecimentos comerciais e violações sexuais. Os marginais praticavam ainda assaltos em residências, no interior de viaturas, paragens de táxi e em locais onde há pouca luminosidade.

Onda de Violações: marginais preferem raparigas dos 14 aos 20 anos

O porta-voz do Comando Provincial de Luanda, Jorge Bengue, esclareceu que os violadores escolhem normalmente de forma antecipada os terrenos baldios e as casas abandonadas para depois levarem as vítimas. Estudos feitos pelos órgãos policiais apontam que os marginais que actuam nas ruas preferem raparigas com idades compreendidas entre os 14 e os 20 anos e que fazem um levantamento antes de actuarem.
Caso se apercebam que numa determinada residência vive uma mulher ou um número reduzido de homens sem capacidade de os impedirem, consideram-na como potenciais vítimas.
“Contrariamente ao que eles dizem, os acusados do Kilamba Kiaxi arrombaram a porta da casa e atiraram-se contra a vítima. Apesar de o processo ainda não estar concluído sabemos que os três praticaram o acto e os foragidos serão detidos dentro de dias”, garantiu Jorge Bengue, acrescentando que “há violações que terão sido praticadas por dois ou três cidadãos e detemos apenas um, mas na maior parte delas temos os presumíveis autores já detidos”. Os dados estatísticos da Polícia Nacional apontam que a idade dos jovens violadores é dos 17 aos 25 anos. A maioria pratica o acto em grupo e alguns sob efeito de álcool ou de outras drogas.
“Existem casos, como o de Cacuaco, em que os indivíduos agem por puro prazer, como é este em que eles não tinham armas, mas coagiram a adolescente e arrastaram-lhe para a casa abandonada”, esclareceu.
Jorge Bengue disse igualmente que estes actos são realizados em locais escuros, com poucos movimentos.
Quando os violadores notam algum movimento estranho acabam por fugirem sem todos concluírem a acção. “Por isso é que pedimos as adolescentes e jovens que deixem de circular em zonas que estejam nestas condições, principalmente de noite e a evitarem andar sozinhas porque pessoas más como este existem. É um tremendo risco uma rapariga andar sozinha nestas zonas e sem nenhuma hipótese de ser socorrida em caso de agressão”, explicou o superintendente chefe.
O porta-voz do Comando Provincial disse também que existe algumas vítimas são encontradas nas paragens à espera de táxi ou a pedirem boleia na via pública. “Há pessoas que de forma individual ou colectiva se fazem passar por pessoas de bem, prontificam-se em dar boleia e levam para uma zona com as características acima mencionadas e violam-nas”, rematou.

Luanda regista 100 violações sexuais em três meses

O porta-voz do comando provincial de Luanda da Polícia, superintendente chefe Jorge Bengue, revelou esta quarta-feira, 28, que durante o primeiro trimestre do corrente ano, foram registados 100 casos de violações sexuais, em que foram vítimas adolescentes e jovens com idades compreendidas entre os 14 e os 20 anos.
Setenta e dois casos foram esclarecidos e resultaram na detenção de 65 indivíduos cujos processos correm os trâmites legais, ao passo que os restantes 28 estão ainda na fase de instrução processual.
As estatísticas do Comando Provincial atestam que os municípios do Cazenga e Viana lideram a lista de ocorrências com 19 casos cada, seguidos pelo Cacuaco com 18, Maianga com 13, Sambizanga com 11, Kilamba Kiaxi com sete, Rangel com seis, Sambizanga com quatro e Ingombota com três.
O jovem José António, de 21 anos, em companhia de dois amigos, vulgarmente conhecidos por 60 e Rebenta, arrombaram a porta de uma residência no Kilamba Kiaxi onde viviam duas mulheres, por volta das 3 horas da manhã de segunda-feira, 26, com o intuito de se satisfazerem sexualmente. Antes de cometerem o crime, os acusados encontravam-se a consumir bebidas alcoólicas na lanchonete Oladim Raste que se encontra naquele município, segundo contam testemunhas. Saíram de lá por volta da meia-noite e permaneceram na via pública até às três horas da manhã, enquanto aguardavam o momento o ideal para invadirem a residência.
“Foi a partir daquele momento que, por influência de um deles, decidimos invadir a casa e forçá-las a fazer amor connosco.
Quando chegamos lá, o Rebenta bateu à porta pela segunda vez e assim que a adolescente veio abrir avançamos um de cada vez”, contou José António, que não conseguia falar direito devido os ferimentos que tinha no rosto.
Ao ouvirem os gemidos de dor da adolescente, cujo nome Jorge Bengue não aceitou revelar para não a expor, os vizinhos saíram dos seus aposentos, pegaram nos objectos contundentes que tinham à mão para se defenderem dos marginais e foram tentar socorrer a jovem. Mas, infelizmente, este acto aconteceu depois de ela ter suportado a agonia de ser obrigada a satisfazer sexualmente os dois indivíduos que a ameaçavam para não gritar.
“Ela não gritava e como estava muito entretido naquilo não me apercebi da presença dos vizinhos e encontraram-me em cima dela. Ao passo que os meus companheiros que estavam a vigiar conseguiram fugir assim que se aperceberam do movimento estranho”, explicou.
Depois de deter o alegado violador, os vizinhos ligaram para a Polícia. Enquanto aguardavam pela chegada do carro de patrulha, amarraram o jovem para que não tomasse o mesmo rumo dos seus cúmplices.
Além deste indivíduo, os investigadores da Divisão de Cacuaco detiveram no sábado, 24, os jovens Augusto Fernandes, 19 anos, Estafánio Augusto e Anacleto António, ambos com 17 anos, acusados de estuprarem uma adolescente de 16 anos, que responde pela alcunha de Macaia.
Os acusados contaram que encontraram a rapariga na tarde do domingo, 18, numa das ruas do bairro do Paraíso, a dialogar com as suas amigas e convencerem-na a fazer relações sexuais.
“Dissemos-lhe desde o início que somos três e ela concordou, mas se por ventura a Macaia decidisse o contrário compreenderíamos e a deixaríamos em paz, tendo em conta que não receberia nada em troca do prazer”, explicou Augusto Fernandes.
Na casa abandonada para onde a levaram, os rapazes decidiram satisfazer o prazer de forma ordenada. Enquanto um consumava o acto, os outros assistiam aguardando pela sua vez.
“Como não dava para fazermos os três ao mesmo tempo quem fez primeiro foi o Anacleto, depois eu e o Estafánio.
Ninguém a segurou como se estivesse a obrigá-la, foi tudo devagar e de forma tranquila”, detalhou um dos rapazes.
Questionado sobre se haviam feito aquilo sob influência do álcool ou de uma outra droga, alegaram que fizeram-no de forma consciente. Ao sair da casa abandonada, a adolescente, que é descrita como sendo uma pessoa que não tem família em Luanda e vive na rua, contou às amigas que tinha sido violentada por aqueles três indivíduos, as quais a aconselharam a apresentar queixa na esquadra mais próxima.
Depois de detidos no Posto da Polícia do Bairro Paraíso, os acusados foram transferidos para a Esquadra do Bom Pastor, onde a vítima prestou informações contrárias às inicialmente avançadas por eles.
Perante as acusações, os investigadores transferiram o caso para o Comando Municipal de Cacuaco, onde após a legalização da detenção e a conclusão da fase de instrução processual proceder-se-á o encaminhamento dos mesmos para uma das unidades prisionais da capital do país.
Atendendo à falta de latrina na casa de banho da cela em que se encontram, os jovens que se encontravam descalços e com um cheiro nauseabundo, amarraram um pedaço de saco num dos dedos do pé para “prender” a vontade de fazer necessidade maior.
“Como na cela em que nos encontrámos os polícias só nos dão sacos para defecarmos, os presos mais antigos mandaram-nos fazer isso para travar essa necessidade e tem surtido efeitos”, frisou Anacleto António.

Sem preservativos
José António, que trocou por uma noite a casa da sua mãe e do seu padrasto pela rua, contou que tanto ele como os seus amigos não usaram preservativos e que estava consciente do risco que corria.
“É a primeira vez que pratico uma acção desse género e estou muito arrependido por isso”, manifestou o jovem, mostrando um semblante de tristeza.
Já os jovens que molestaram a adolescente em Cacuaco dizem que o facto de terem usado preservativo demonstra que a vítima está livre de ser contagiada por qualquer doença sexualmente transmissível ou de ficar grávida.
“Sabendo que um homem deve andar sempre prevenido, usamos preservativo porque andamos sempre com eles nas nossas carteiras de bolso e isso só mostra que fomos para a rua conscientes de que havíamos de levá-la. Mas aconteceu.”, tentou ludibriar à imprensa o Augusto Fernandes, mas não teve êxito pelo facto do seu amigo Anacleto confessar que sabiam antecipadamente onde estava a desprotegida.
“Ela contou-nos que vivia com os pais numa das províncias. Decidiu vir para a capital depois de ter sido expulsa de casa e foi inicialmente acolhida por um dos seus irmãos mais velhos, que tomou a mesma decisão que os seus progenitores algum tempo depois. Assim, ela não teve outra saída senão abrigar-se na residência de uma amiga que também a abandonou, deixando-a ao relento”, contou o adolescente.
Os acusados afirmaram em uníssono que aquela foi a primeira vez que praticaram um crime do género e que nunca estiveram presos antes.
O Comando Provincial pretendia apresentar publicamente nesta quarta-feira, 28, na 2ª Esquadra de Polícia, 18 cidadãos acusados de praticarem tais crimes nas últimas semanas, mas não foi possível reuni-los no mesmo sítio por questões técnicas.

Chefe da BET acusado de violação
O antigo comandante da Brigada Especial de Trânsito (BET) de Benguela, José da Costa Tiaba “Pitchu”, apresentou-se esta quarta-feira, 28, à Direcção Provincial de Investigação Criminal depois de ter sido acusado de molestar uma jovem de 22 anos.
Segundo uma fonte ligada à família da vítima, o oficial superior da Polícia transportou-a para a localidade de Talamandjamba, 30kms a sul da cidade, ameaçando-a de morte e obrigou-a a ter relações sexuais consigo, na noite do dia 26.
Antes de se ter apresentado na DPIC de Benguela, surgiram rumores segundo os quais o acusado terse-ia posto em fuga ao aperceber-se que a jovem tinha dado entrada numa das unidade hospitalares e que havia prometido denunciar publicamente o acto.
Com resposta a esta informação, José Tiaba realizou uma conferência de imprensa para tentar esclarecer o sucedido, em companhia do seu advogado António Caxito Marques e do director da Polícia de Investigação Criminal, Valdemar Henriques, que ordenou a sua detenção após o acto.
Na ocasião, o incriminado jurou ser inocente e que tudo aquilo não passava de calúnia porque naquele dia encontrava-se em Luanda, a verificar a sua residência que estava a ruir.
Ao ser questionado pelos jornalistas que estiveram presentes no local, o antigo comandante encaminhou as perguntas ao seu advogado António Marques que se limitou a dizer que os órgãos da polícia criminal e da justiça vão prosseguir com a investigação do caso que abalou os citadinos da referida cidade.
Já o número um da investigação criminal a nível da província, Valdemar Henriques, garantiu que o processo será feito com bastante transparência e declarou aos jornalistas que ele seria apresentado brevemente ao Ministério Público.
“Ele será submetido a um interrogatório e será tratado de acordo com os termos da Lei”, explicou.

Paulo Sérgio aborda “Burla Tailandesa” em livro

O jornalista Paulo Sérgio aborda “Burla Tailandesa” em livro. Uma obra que relata os meandros desse mediático caso que envolveu generais,...