terça-feira, 23 de junho de 2009

Quem matou o juiz Macumbi?


Ponto Prévio: As autoridades judiciais iniciaram há duas semanas a julgar os quatro jovens que supostamente estão envolvidos no assassínio no juiz Gaspar Macumbi e do oficial da Polícia Milton Janota. Está terça-feira, 23, os 26 declarantes terão sido auscultados pela equipa de juízes da Sexta Secção do Tribunal Provincial de Luanda, liderada da pela jurista Mariana Kalei. Para refrescar a memória dos internautas, publicamos de seguida uma entrevista que o marginais concederam ao jornal Angolense, em 2007, à quando da sua apresentação a imprensa.


Domingos Benjamim Canganjo, também conhecido por “Miro King”, de 22 anos (na foto), e Adilson Mateus João, conhecido por "Adi Galinha", de 19, são dois jovens com cadastro criminal repleto de distúrbios na via pública, roubo de telemóvel, assaltos à mão armada e homicídios. De todas as façanhas que lhes são atribuídas, a que mais se destaca é a eliminação física do juiz Macumbi. Através da descrição dos assassinos confessos, recolhida no momento em que foram apresentados pela Polícia Nacional, saiba como tudo ocorreu.
P- Que motivo o levou a matar o juiz Pascoal Mucumbi?
R-Domingos Benjamim Canganjo (D.B.C.): Não tínhamos intenção de matar o juiz. Interpelamos uma viatura de marca Toyota Hyace, onde recebemos todo dinheiro que eles tinham, era de noite, depois de dispararmos corremos em direcção a rua da vaidade. A população vinham atrás de nós com objectos para nos bater e para não sermos seguidos tirei a pistola e fiz um tiro, continuamos a correr. Três dias depois, fomos detidos pela polícia, foi aí que nos disseram que os tiros que efectuei atingiram um juiz que morreu no hospital.
P- Segundo as informações que recebemos, vocês tinham como objectivo levar a viatura do juiz?
R-D.B.C: Isso não corresponde a verdade. Nem fazíamos ideia que ele era juiz e quando fiz o tiro não deu para ver quem vinha no outro lado da estrada. Não foi nossa intenção matar o juiz e muito menos roubar a viatura, naquele momento o nosso medo era de que a população nos matasse.
P- Depois de tudo, para onde foram?
R-D.B.C: Ficamos em nossas casas, no bairro Asa branca, no Cazenga.
P- Mas, a polícia diz que vocês foram detidos em Viana?
R-D.B.D: Não é verdade, porque eu e o Adilson vivemos no Cazenga com as nossas mulheres e filhos.
P- Há quanto tempo vocês praticam este tipo de actos?
R-DBC: Há dois anos.
P- Para além de roubar, o que faziam?
R-DBC: Vendia roupa no mercado Asa branca, mas depois já não tinha meios para continuar a vender, foi assim que comecei, depois nunca fomos apoiados pelos nossos pais. No meu caso, já não sei fazer outra coisa, nunca tive outra profissão.
Adilson Mateus: O meu pai é muito mau e nunca me deu oportunidade de ter um futuro melhor.
P- Vocês também são acusados de ter assassinado um oficial da Polícia?
R-AMJ: Estávamos na rua, de repente vimos o polícia, mandamos-lhe parar e pedimos dinheiro, mas o polícia disse que não tinha. Eu disse para ele ir, mas o Miro pós a mão no bolso dele e tirou o telefone. Depois, mandamos-lhe ir embora, mas, quando olhamos para trás nos apercebemos que ele estava a tirar uma arma do sapato. Ficamos com medo, agarrei no polícia e lutei com ele, o Miro já estava no beco e sentiu a minha ausência, voltou e encontrou-me a lutar com o polícia, o tiro foi dado sem intenção. Acho que se eu não o tivesse agarrado, o polícia teria me matado.
P- Como se sentem ao serem culpados da morte de tantas pessoas?
R-DBC e AMJ: Arrependidos.
R-DBC: Já nem sei mais o que dizer, desde que tomei conhecimento que o juiz e o polícia morreram, já não consigo dormir. Prometo que depois de sair da cadeia nunca mais vou voltar a fazer isto. Acho que tudo o que aconteceu foi ideia do diabo, porque sempre me dediquei a venda de roupa para garantir o sustento do meu filho.
R-AMJ: Quando sair da prisão, a primeira coisa a fazer será entrar de novo na igreja e deixar as más companhias, essa vida só vai sujar a minha imagem.


Fonte: www.tribunadakianda.blogspot.com/ Jornal Angolense

Novos agentes com pouca prática de tiro

A escassez de munições constituiu uma das principais dificuldades que os instrutores das escolas de polícia do Kikuxi, Kapolo2 e do Centro de Adestramento Especial do Autódromo de Luanda encontraram durante todo o processo de formação dos 2.129 agentes que foram apresentados esta segunda-feira, 15.
O director em exercício da Escola Nacional de Polícia de Protecção e Intervenção, Gerson Vieira Miguel, na apresentação do relatório dos cursos “Básico de Polícia de Ordem Pública” e de “Actualização Policial do Pessoal em Reintegração”afirmou: “No capítulo das dificuldades devemos destacar a escassez de munições que inviabilizaram o processo de tiro prático, assim como a falta de material didáctico e de fármacos”, especificou. Acrescentando de seguida que “apesar da situação acima referenciada podemos concluir que os cursos decorreram de forma satisfatória, se tivermos em conta os resultados alcançados nas actividades docente-educativas, isto é, graças ao desempenho dos instrutores que permitiu a assimilação positiva dos formados”. Questionado se os novos efectivos estarão unicamente ao serviço do Comando Provincial de Luanda (CPL), Gerson Miguel recusou-se a tecer comentários alegando que só a direcção de recursos humanos do Comando Geral é que sabe qual o destino a ser dado aos recém-formados. “Sei apenas que uma boa parte será para reforçar as esquadras de polícia de Luanda, nas mas variadas áreas. Depois do juramento de bandeira serão todos encaminhados para o CPL onde serão submetidos a acções práticas, com a duração de quatro meses, e passado este período regressarão às escolas para fazerem o curso de especialização”, explicou. Tiago Garcia, um dos novos agentes formados pela escola do Kikuxi, disse a O PAÍS que os momentos mais difíceis foram vividos na primeira fase, por ter sido o momento em que foram submetidos a vários treinos físicos a que os recrutas não estavam acostumados: “O momento mais difícil foi esse, porque fomos obrigados a caminhar no canal de água do Kikuxi e rastejar debaixo de tiros, se hoje estamos aqui é porque merecemos, por isso considero que valeu a pena ter vivido tal experiência”. O nosso interlocutor diz ainda que o seu dia-a-dia no quartel foi marcado de muita agitação da parte dos seus colegas. Os recrutas dormiam normalmente às 21 horas e levantavam-se por volta das 5h30 para fazerem a faxina do local, depois do pequeno-almoço, isto é às 7 horas, assistiam ao içar da bandeira entoando o hino nacional para depois voltarem aos treinos. “Aprendi que tenho que deixar de fazer muita coisa que anteriormente fazia porque agora sou um agente da lei e tenho obrigatoriamente de cumprir com o juramento que acabei de fazer”.

Um morto e dois expulsos
Dos 1.624 candidatos previamente seleccionados pelo departamento de recursos humanos do Comando Geral, através de um concurso público realizado em 2008, para frequentarem o 8º curso básico de polícia de ordem pública, um faleceu vítima de acidente de viação. Já o curso de actualização policial do pessoal a reintegrar que decorreu de 19 de Março a 15 de Junho do corrente ano, no Autódromo, contou com a participação de 509 cidadãos, dos quais 47 são do sexo feminino: “Deste número dois foram expulsos por violarem gravemente o regulamento interno da instituição e houve um desistente, o que perfaz um total de 506 novos agentes”. Segundo Gerson Miguel, este curso foi realizado para dar respostas às elevadas solicitações de reenquadramento que o Comando Geral vinha a receber de pessoas que por motivos de vária ordem tinham abandonado a corporação. Na cerimónia de encerramento do curso foram apenas patenteados os agentes que estão a ser admitidos pela primeira vez na corporação, com as patentes de agentes de terceira classe, ao passo que os readmitidos serão patenteados durante a formatura. “No grupo dos reintegrados há uma série de oficiais com as categorias de inspectores-chefes, subinspectores, inspectores, chefes, subchefes e agentes. Como é um processo dinâmico os camaradas receberão as patentes quando forem chamados para uma formatura e serão promovidos em plena parada”. Os dois cursos foram subdivididos em duas fases, sendo que a primeira esteve baseada em treinos militares e a segundo esteve virada para a formação técnica policial, culminando com diversas “marchas finais”, num percurso de aproximadamente 30 Km. O programa do 8º curso Básico de Polícia de Ordem Pública comportou um total de 886 horas teóricas e práticas, correspondendo a 30 horas lectivas semanais e 6 horas diárias, em observância à respectiva estrutura curricular que contempla a formação básica e técnica policial. No relatório entregue ao comandante-geral da Polícia, o superintendente chefe Gerson Miguel, apresenta a necessidade de recuperação dos campos de tiro existentes, de compra de uma ambulância, de uma cisterna de água e de aquisição de tendas de campanha. Coube ao comandante-geral Ambrósio de Lemos presidir à cerimónia de encerramento do curso que contou com a presença de oficiais superiores da corporação, representante do Chefe de Estado-maior general das Forças Armadas Angolanas e de mais de uma centena de pessoas que acorreram ao local para assistirem à integração dos seus familiares.

Fonte: O País

Cólera mata cinco pessoas no Bengo


A falta de transporte e a preferência pela medicina tradicional contribuíram para a morte dos pacientes


O chefe do departamento de emergências médicas da delegação provincial de Saúde do Bengo, Zhenzo Makonda Mbuta, revelou esta quarta-feira, 16, a O PAÍS, que cinco pessoas morreram e 45 se encontram sob acompanhamento da equipa médica do Hospital Central da província, em consequência do surto de cólera que assolou a cidade de Caxito nos últimos dias.
O especialista justificou a morte dessas cinco pessoas, pelo facto de a maior parte delas terem dado entrada tardiamente naquela unidade hospitalar. E acrescentou que a falta de conhecimento levou-as a recorrer, antes, aos serviços tradicionais. “Considerámos elevado este número de mortos, mas não podíamos fazer nada porque os recebemos muito tarde, por terem recorrido inicialmente aos médicos tradicionais, por falta de transporte ou desconhecimento”, frisou. Zhenzo Mbuta relatou com tristeza o caso de um paciente de 45 anos, que chegou ao hospital já em situação crítica e que a sua equipa médica não conseguiu salvar.
“Quando recebemos este paciente, só para terem uma ideia, já nem conseguimos canalizar as veias para aplicar o balão de soro”. Os enfermos têm uma média de três a cinco dejecções por dia, acompanhada de muco ou de sangue e, em alguns casos, até de vómitos. Para além dos 50 cidadãos de diferentes idades e sexo a quem se disgnosticou estes sintomas, os técnicos de saúde medicaram um número elevado de pacientes com desinteria comum. “A diferença que existe entre elas pode ser também aferida pelo facto de as pessoas que estiverem com diarreia comum terem um processo de hidratação mais rápido, com relação a esses da cólera”.
Depois de serem recebidos e medicados, os 45 pacientes encontram-se fora de perigo e nas suas residências, com a obrigação de se apresentarem frequentemente no hospital para serem medicados. Entre os cinco mortos constam duas crianças de cinco anos, dois maiores de 45 anos e um jovem de 20 anos. “Já estamos há três dias sem receber novos casos do género”, rematou. A doença, que inicialmente estava a ser considerada como sendo “dejecções estranhas”, foi diagnosticada como cólera através de exames efectuados no Laboratório Nacional de Saúde (LNS). “Enviamos amostras das fezes ao LNS e recebemos a confirmação que se trata de cólera, por isso considero ser de suma importância apelar a população a cumprir com todas as orientações das campanhas que temos feito”, especificou. Acrescentando de seguida que “recebemos pacientes de toda a cidade de Caxito com maior destaque para o bairro Kauango, com 12%”. O governador provincial do Bengo, Jorge Dombolo, reuniu-se esta quarta-feira com técnicos do Ministério da Saúde, da Organização Mundial da Saúde e do comando da polícia naquela província para analisar as medidas que a serem implementadas para conter a doença.

Falta de água potável na origem
O canal de irrigação do Dande com mais de 15 quilómetros, partindo da povoação do Sassa e desaguando na lagoa do rio Bengo, é considerado pelos técnicos de saúde, como a principal fonte de doenças. Por esta razão, a equipa de reportagem desde jornal percorreu o canal de uma ponta a outra e deparou-se com muitos citadinos a retirarem água para consumo, a tratarem da higiene pessoal e a lavarem roupas e viaturas na margem.
Apesar de as autoridades policiais tudo fazerem para proibirem as pessoas de tratarem da higiene no local com patrulhamentos diários, os infractores, à sua maneira, procuram ludibriá-los.
O adolescente José Domingos, de 14 anos, que se banhava no canal como se de uma piscina se tratasse, disse ter conhecimento da existência de várias comunidades que utilizam a mesma água para o consumo diário e de pessoas que perderam a vida lá. “Tomamos banho neste local desde que foi construído, isso é há três anos, e já vimos várias pessoas a morrerem aqui, mas não temos medo porque sabemos concretamente quais são as zonas mais profundas e as rasas”, explicou.
Três quilómetros depois de termos deixado os adolescentes a tratarem da higiene, encontramos Elisa Paula, de 35 anos, a transportar o precioso líquido no interior de um balde branco. “Essa água é simplesmente para lavar a loiça, a roupa, arrumar a casa, bem como para tratar da higiene pessoal da minha família. Aproveitamos a água para beber e cozinhar num fontanário que tenho a escassos metros de distância da minha casa”, justificou. Para além destes dois flagrantes, encontrámos ainda algumas pessoas a lavarem-se e amontoando lixo nas margens do canal.
Questionado sobre a origem desta enfermidade, Zhenzo Mbuta respondeu que a água é um bom veículo para efectuar o transporte das bactérias que originam as diarreias e, neste caso específico, é possível que melhorando a qualidade da água que é distribuída à população, diminuia substancialmente o número doentes.
“A população faz literalmente tudo no canal de irrigação. A esta hora poderás possivelmente não encontrar muita coisa mas no período da manhã é possível encontrares senhoras e crianças a tomarem banho num lado, a acarretarem água para casa no outro e até a defecarem na margem do canal numa outra localidade”, explicou.


Fonte: O País

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Jornalismo só com formação superior (I)


Há muito que o professor universitário Ismael Mateus vem defendendo a tese que só pode exercer a profissão de jornalismo todo aquele que tem a formação superior de jornalismo ou comunicação social. O ponto de vista deste comunicólogo provocou uma onde de descontentamento no seio dos profissionais da classe.
Prova de que Ismael Mateus não é o único a “nível mundial” que defende que só deve exercer esta profissão as pessoas com formação superior é que, esta semana, recebi um comunicado da Federação Nacional dos Jornalistas Brasileiros, anunciando o início de uma Campanha de em Defesa da Obrigatoriedade do Diploma em Jornalismo.
Apesar de ainda não ter a formação superior, comungo da ideia de que todos os jornalistas devem ter a formação superior, porque só desta forma conseguiremos evitar certos erros que vamos cometendo aqui e ali. Mas para isso, é necessário que os directores de todos os órgãos de comunicação social (tanto o publico como o privado), invistam no seu pessoal ou se não quiserem fazer isso, pelo menos que os deixem estudar. Podemos não querer admitir publicamente, mas a verdade é que há empresas que não permitem os seus funcionários estudem.

Presumíveis assassinos do juiz Macumbi em julgamento

Os quatro jovens supostamente envolvidos no assassinato do juiz Miguel Gaspar Macumbi e do oficial da Polícia Nilton Janota, ocorrido em 2007, começaram a ser julgados esta quarta-feira, 10, na 6ª Secção da Vara de Crimes do Tribunal Provincial de Luanda.
A equipa de juízes, dirigida por Mariana Kalei, procedeu apenas à audição dos depoimentos dos acusados, nomeadamente Joaquim António Miguel, mais conhecido por “KK”, de 22 anos, Adilson Adelino Miguel, vulgo “Adi Galinha”, de 18 anos, Domingos Benjamim Canguanjo Pedro, também conhecido por “Miro de King”, de 22 anos e Adilson Mateus João, conhecido por “Sete Asas”, 19 anos. “Atendendo ao facto de serem 26 declarantes e quatro réus vamos, dar prioridade a estes últimos, mas se o tempo permitir procederemos a auscultação de mais dois declarantes e os demais serão ouvidos em próximas audiências”, explicou a juíza Mariana Kalei.
Ao ser interrogado em julgamento, o réu Joaquim Miguel revelou que antes de ser detido trabalhava na Cimangola como operador de máquinas e que já estivera detido durante três meses, em 2004, sob a acusação de crime de homicídio: “Soltaramme depois porque os investigadores viram que eu era inocente. O que aconteceu na realidade é que eu lutei na rua com alguns jovens, mas nenhum deles morreu”, explicou.
Questionado pela juíza Mariana Kalei se concordava com as declarações que constam dos autos, o réu recusou a sua participação nos crimes que lhe estavam a ser imputados, alegando que só assinou os autos para se livrar da tortura a que estava sujeito: “Não tenho nada a ver com o assassinato do juiz e do polícia, só aceitei a história que consta nos autos e assinei-os porque os investigadores estavam a torturar-nos muito e como sofro de dor no peito não tive outra opção”, revelou o jovem olhando friamente para a juíza que o interrogava.
Joaquim Miguel atestou, durante o interrogatório, que os agentes da polícia envolvidos na operação que resultou na detenção dos seus presumíveis comparsas, só os encontraram na sua residência, localizada no município de Viana, porque os réus Miro King e Adi Galinha, tinham-se deslocado àquele local um dia antes para lhe venderem roupa.
“Saía do trabalho quando os encontrei a consumirem álcool numa barraca que está defronte à minha casa, como fez-se tarde e estava a chover, acompanhei-os até à paragem e não havia táxi, regressamos e permiti que eles passassem a noite em minha casa”, rematou.
No início do seu interrogatório, Miro King procurou ser bastante curto e conciso ao responder às questões: “Fumo liamba e consumo álcool”, respondeu com ar de arrogância à pergunta da juíza. Reconheceu, em juízo, que fora também o autor dos disparos que resultaram na morte de um taxista em 2007, quando pretendia roubar 35 mil Kwanzas.
Ao ouvir a descrição da forma brutal como o taxista foi assassinado, um dos quatros juristas que compunham a mesa não resistiu e começou a lagrimar.
Nos autos lidos pelo jurista Manuel Bambi em representação do Ministério Público, constam que pesam ainda sobre os réus os crimes de roubos de telemóveis, assaltos à mão armada e homicídios. “Os arguidos são previamente conhecidos por fazerem parte de um grupo que normalmente convive e anda junto, praticando uma série de acções nada abonatórias à ordem e tranquilidade públicas”, lê-se nos autos.
Segundo apurou O PAÍS, a Direcção Nacional dos Serviços Prisionais transferiu os quatro jovens para as cadeias de Menongue, Malange e Benguela depois de ter registado a sua participação na rebelião desencadeada o ano passado na cadeia de Viana.
Sem avançar os nomes dos transferidos, as nossas fontes atestam que apenas o presumível líder do grupo, “Miro King”, permaneceu na cadeia de Viana e que alguns dias antes do julgamento, os indivíduos que se encontravam fora de Luanda, regressaram à capital e permanecerão enclausurados na enfermaria prisão da cadeia de São Paulo, enquanto decorrer o julgamento.

A morte do juiz
Nos autos consta que a morte do juiz Miguel Macumbi ocorreu por volta das 20 horas do dia 22 de Fevereiro de 2007, no mesmo local quando os indivíduos tentaram furtar a sua viatura de marca Toyota Land Cruiser.
“Os mesmos cidadãos aperceberam-se que o juiz saía de uma roulote, localizada nas imediações das bombas de combustível da segurança, em direcção à sua viatura que se encontrava estacionada”, contou Manuel Bambi, acrescentando de seguida que “os marginais munidos de uma arma do tipo espingarda de marca AKM apontaram-na contra a vítima e exigiram que entregasse as chaves da viatura”.
O juiz recusou-se a fazer a entrega das chaves jogando-as dentro de um charco de água que existia nas imediações e tentou fugir, numa direcção não identificada nos autos. “Sem fazer-se esperar o arguido Domingos Pedro, sempre acompanhado dos seus comparsas, efectuou vários disparos que não só atingiu a perna da vítima como também a viatura e meteram-se em fuga”.
Na esperança de conseguir ajuda dos moradores daquela zona, Miguel Macumbi arrastou-se até à porta de uma residência cujo número e nome do proprietário não consta dos autos. “A vítima foi socorrida até ao Hospital Américo Boavida e mais tarde transferido para a Clínica Sagrada Esperança onde acabou por sucumbir dois dias depois, em virtude de ter graves ferimentos causados pelos disparos”, frisou.
De acordo com os autos, antes de cometerem o crime, o mesmo grupo de marginais já tinha roubado três telemóveis e uma pasta de documentos não identificados que pertenciam a três pessoas próximas do juiz Miguel Macumbi, incluindo a sua esposa. “Nos seus interrogatórios os presumíveis assaltantes confirmaram a prática de certas acções (...)”, segundo o documento.
Aquando da sua apresentação à imprensa, questionado sobre que motivos o levaram a matar o juiz, Domingos Pedro disse que interpelaram uma viatura de marca Toyota Hiace e receberam o dinheiro que o motorista e o cobrador transportavam, dispararam vários tiros e correram em direcção à rua da Vaidade.
“A população vinha atrás de nós com objectos para nos bater e para não sermos seguidos tirei a pistola, fiz um tiro e continuamos a correr. Três dias depois, fomos detidos pela Polícia, foi aí que nos disseram que os tiros que efectuei atingiram um juiz que morreu no hospital”, relatou.
Acrescentando de seguida que “não fazíamos ideia que ele era juiz e quando fiz o tiro não deu para ver quem vinha no outro lado da estrada. Não foi nossa intenção matar o juiz e muito menos roubar a viatura, naquele momento o nosso medo era de que a população nos matasse”.

Fonte: O País

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Tunezas passam para a TV Zimbo

Os cinco elementos do grupo de humor “Os Tunezas” assinaram nesta quinta-feira, 4, um contrato de trabalho renovável para um período de um ano com a direcção do canal de televisão privado TV ZIMBO. Esta informação foi avançada a O PAÍS por Daniel Vilola, um dos integrantes do grupo, após terem rubricado o contrato com o presidente do Conselho de Administração do grupo Media Nova, Álvaro Torre.
Sem querer entrar em muitos detalhes sobre o acordo assinado, Daniel Vilola explicou que a saída do seu grupo do Televisão Pública de Angola (TPA) deve-se meramente a questões contratuais, visto que o compromisso assumido por ambas as partes permitiu não só ao canal televisivo aumentar o número de audiências, como deu oportunidade ao grupo de atingir os patamares que almeja.
Apesar de não aceitar avançar o nome do novo programa em que estarão envolvidos “Os Tunezas”, que deverá ir ao ar aos domingos em horário nobre das 19 às 20 ou das 20 às 21, como todos os programas de humor existentes no mundo Daniel Vilola disse que à semelhança do que acontecia no outro canal televisivo, o grupo terá um programa de sua autoria, mas gerenciado e produzido pela TV ZIMBO.
“Para além do nosso programa, faremos algumas participações diárias em alguns programas da casa que ainda não estão definidos. Vamos desaparecer um pouquinho dos ecrãs, mas apelamos aos telespectadores a terem calma que muito em breve estaremos de volta com novas peças e muita animação”, explicou.
O interlocutor disse ainda que as condições oferecidas pela direcção da TV ZIMBO vai muito além da questão remuneratória, porque “o grupo encontrou tudo aquilo que precisa para produzir com um nível de qualidade e aceitável”.
Fonte: O País

Fogo partiu do quarto de dois jovens


O incêndio atingiu 41 residências e deixou ao relento mais de 250 famílias

Apesar de as autoridades ainda não terem esclarecido as causas do incêndio de grandes proporções que destruiu totalmente 41 casas, de um total de 60 atingidas pelas chamas, junto ao Mercado dos Trapalhões, na Ilha de Luanda, e que deixou 257 famílias ao relento, os moradores são unânimes em afirmar que o fogo partiu de um quarto onde residiam dois jovens.
Fernanda Massocolo, moradora há oito anos, contou que o fogo começou por volta das 22 horas, nas proximidades da única casa de bloco, onde residiam dois jovens. “Morava na terceira residência e quando me acordaram, pude ver que os jovens estavam a tentar apagar o fogo da sua residência para evitar que ele se alastrasse até à segunda casa, porque lá existiam duas botijas de gás”, explicou. Após os bombeiros terem assumido o controlo da situação, os jovens, cujos nomes e as idades não foram revelados pelas autoridades policiais, foram levados para a 1ª Esquadra afim de prestarem esclarecimentos sobre a origem do incêndio. Os sinistrados contam que só não houve vítimas humanas, porque os jovens foram alertando os moradores para abandonarem as suas residências. A nossa interlocutora revela que depois de ter se apercebido do sucedido, o único pensamento que lhe veio à cabeça foi o de retirar a botija de gás que estava no interior da sua residência. “Depois de ter sido acordada tentei simplesmente recuperar a minha botija de gás porque estava cheia, mas ao ver que tinha deixado o meu filho a dormir, coloquei-lhe num local que parecia seguro e regressei para ir buscá-lo, sem medo de morrer carbonizada”, explicou.

Chegada dos Bombeiros.
Depois de notificados, os Bombeiros marcaram presença no local 30 minutos mais tarde e enquanto isso, alguns moradores procuravam refúgio à beira da praia, os mais “corajosos” tentavam recuperar os seus haveres.
“Os moradores das casas que não foram abrangidas entraram no meio do fogo e conseguiram retirar os seus bens, já nós que morávamos na zona onde começou as chamas não tivemos outra alternativa senão salvar as nossas vidas saindo apenas com a roupa do corpo e descalços”. Segundo apurámos no local, a maior partes dos sinistrados são pescadores, comerciantes e funcionários de restaurantes da Ilha de Luanda. O segundo comandante dos Bombeiros da Chicala, José da Mata, revelou que o fogo terá sido causado por uma vela acesa, deixada por um morador, em cima da mesa. José da Mata disse que para a extinção do incêndio, que durou cerca de quatro horas, foi necessário o recurso de 24 agentes dos Serviços de Bombeiros e três viaturas, provenientes da Unidade Principal, da Boavista e da Chicala. Para além da destruição das 41 casas, com os respectivos apetrechos e electrodomésticos, foram também perdidos uma motorizada de marca Yamaha, três botijas de gás butano, nove fogões, cinco camas, quatro geleiras, e duas arcas. O local encontrava-se sem energia eléctrica há vários meses.
A origem da área.
A representante da comissão de moradores do “Quintal do Ndongo”, Elisa Luís (foto ao lado), disse que as pessoas que viviam ali eram maioritariamente refugiados de guerra retirados da rua, em 1997, levados ali através de um programa desenvolvido pelos munícipes em parceria com a administração comunal. “No tempo colonial, este espaço era um restaurante, mas como estava abandonado pedimos provisoriamente à administração que nos cedesse para albergarmos os refugiados que se encontravam sem tecto. Inicialmente eram apenas 20 famílias, mas como as pessoas foram se apercebendo que aqui estavam a conceder espaços para habitação e com o andar do tempo atingiu-se o número actual”. Elisa Luís disse ainda que os mentores do projecto estiveram sempre a acompanhar o desenvolvimento daquele espaço, em sintonia com a administração comunal, o que permitiu-lhes ter um maior controlo do número de ocupantes. Sírio da Mata, administrador comunal há três anos, disse desconhecer quem autorizou os sinistrados a construírem as suas residências naquele recinto e explicou que “ainda que tenha sido a administração a ceder o espaço, a situação em que eles se encontravam era muito precária”.

Socorro da Administração
A equipa liderada pelo administrador comunal da Ilha do Cabo, Sírio da Mata (foto ao lado), montou um campo provisório no interior do Jango Kissonguila, zona adjacente à área danificada, para armazenamento das coisas e uma cozinha onde foi confeccionada a primeira refeição do dia que saciou a fome a mais de 100 crianças desabrigadas. No recinto, os moradores permaneceram de pé, sem tratarem da higiene pessoal. “Depois de prestarmos os primeiros socorros, fomos informados que o Governo constituiu uma comissão de apoio aos sinistrados, liderado pela direcção provincial do Ministério da Assistência e Reinserção Social (MINARS). A directora provincial da Assistência e Reinserção Social, Augusta Dias, garantiu que os sinistrados receberam bens de primeira necessidade e colchões.

Fonte: O País.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Essa doeu meu Kamba Jamilsom Miguel

Fiquei em pânico, trémulo e sem forças para mover o corpo quando recebi uma mensagem do nosso amigo Lutomatala a dizer que fizeste já aquela viagem sem volta. Apesar de já se terem passado três noites mal dormidas, pensando nos nossos encontros e desencontros, debates e ralhetes, convívios que queríamos que fossem intermináveis, mas as responsabilidades obrigava-nos a terminar. Podes não ter pensado nisso Jamilson Miguel, mas essa desta a doer muito meu kamba. Que a tua alma descansa em paz.


Contrariamente ao prometido (que seria publicar alguma materia com caracter noticioso), volto esta semana a preencher este espaço com muita dor no coração por ter perdido um grande amigo e companheiro das horas difíceis. Jamilson da Costa Miguel, eis o nome de um jovem de apenas 23 "cacimbos", como ele dizia, que perdeu a vida este domingo durante um acidente de viação. Quem o conhecia, sabe certamente que era uma pessoal formidável, sempre disponível para ajudar os outros e com uma visão futurista muito grande.



Ambos almejavam-nos participar na VI Jornadas Internacionais de Jornalismo da Universidade Fernando Pessoa, mas fui impedido de o fazer por motivos profissionais e académicos e tu não existas-te, acabando por viver a outra realidade que sempre quis que experimentasses para melhor compreenderes o que é fazer jornalismo de Verdade. Jamilson Miguel em Portugal.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

35 Graus de alta temperatura

Depois de termos noticiado aqui os candidatos aos “Prémios Angola 35 Graus" e as manifestações de desagrado de alguns escribas sobre a inclusão do humorista Pedro Nzaji na categoria de personalidade da Comunicação Social, eis que a organização atribuiu o prémio a jornalista Josina de Carvalho, do Jornal de Angola.
Não temos nada contra, até porque acompanhamos o ano passado o desempenho desta repórter do único diário do país e achamos que nutre todos os requisitos que a levariam a receber tal prémio. A título de exemplo, apraz-nos aqui recordar o quão maravilhosa foi a reportagem sobre as mulheres que lutam para deixar de serem toxicodependente, intitulada; Droga: Mulheres em reabilitação.
A gala de premiação organizada pelos dois filhos do Presidente da República, nomeadamente, José Eduardo Paulino dos Santos (dono da agência Semba Comunicação) e Tchizé dos Santos Pegô (proprietária da empresa Westside) decorreu num ambiente festivo que se prologou até as primeiras horas da madrugada de sexta-feira.
A actividade correu lindamente, segundo o relato de alguns participantes, mas a organização terá pecado em não tornar público a quantidade de votos arrecadado. Visto que a população ficou sem saber quantas pessoas votaram, quem foram os mais votados e que diferença de votos separou os candidatos.
Antes, os presentes que deram "corpo" à colorida cerimónia, foram brindados com um espectáculo de dança que esteve a cargo de quatro bailarinos do projecto de promoção cultural Bounce e dos cantores Kizua Gorgel e Canícia. Os dois últimos interpretaram os temas "Angola 35" e "Não Posso, Não Quero".
O professor universitário, jurista e porta-voz da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Adão de Almeida, foi a primeira personalidade distinguida com o galardão, na categoria Destaque Académico, batendo na concorrência o também docente Cremildo Paca.
Num breve pronunciamento, agradeceu pela escolha, deixando claro que não fez, ao longo de todo o ano findo, qualquer actividade com o intuito de ganhar prémios.
Depois foi a vez do jurista e deputado João Pinto a receber o prémio, na modalidade Política e Sociedade, onde teve como oponentes os também parlamentares Emília Carlota e Sérgio Luther Rescova Joaquim.
A comunicóloga Josina de Carvalho disputou o troféu de figura da comunicação social com a radialista Mara Dalva, da Rádio Nacional de Angola, Mariano Brás, do Semanário A Capital, Mário Vaz, da Televisão Pública de Angola, e com o apresentador da mesma emissora, Pedro Nzaji.
Na modalidade de Desporto, o prémio coube ao poste da equipa principal de basquetebol do 1º de Agosto, Joaquim Gomes Kikas, eleito numa disputa directa com a andebolista Nair Almeida e os futebolistas Pedro Mantorras e Manucho Gonçalves.
No discurso de agradecimento, Kikas considerou que esse tipo de iniciativas ajuda a projectar a juventude angolana, tendo dedicado o troféu aos colegas da equipa "militar".
A quinta categoria foi ganha pelo realizador de cinema Henrique Narciso "Dito", que venceu o galardão de mais destacado nas Artes, onde disputou com o artista plástico Hildebrando Melo, a bailarina Cilana Majenje e o escritor Ondjaki.
Chamado a agradecer, dedicou o prémio a sua esposa e aos amantes da sétima arte. Por sua vez, a classe do Entretenimento foi ganha pelo humorista Pedro Nzaji, o único a concorrer em duas categorias, que superou a concorrência dos actores de televisão e teatro Nelo Jazz (Papa Ngulo), Vanda Pedro (Luena) e Cesalty Maiato Paulo. Certamente o “kota Chalado”, como carinhosamente é chamado pelos luandenses, sente-se mais aliviado por ter recebido um prémio a sua altura.
Pena que os “guardiões do jornalismo angolano” não tiveram a audácia de se pronunciarem a cerca da inclusão de Pedro N´zaji na categoria dos profissionais de comunicação social. É chegada a altura de se diferir quem é quem. Separar os jornalistas dos apresentadores de programas radialistas e televisivo. A equipa de jurado do prémio Mabock de Jornalismo tem marcado passos significativos para proceder tais separações, através das suas mais diversas categorias.
O vencedor dedicou o prémio à sua esposa e ao colectivo de trabalhadores da Televisão Pública de Angola, onde é o rosto visível do programa Hora Quente.
A organização surpreendeu positivamente a sociedade luandense ao distinguir ainda alguns estudantes universitários que se destacaram nas diversas universidades públicas e privadas do país, antes de chamar ao palco o director de Investimentos do Banco Africano de Investimento (BAI), David de Carvalho, vencedor da modalidade Economia e Negócios.
Pelo surge a necessidade de acções do género abarcarem personalidades do país inteiro e não limitar-se apenas aos habitantes de Luanda, que de uma forma ou de outra são sempre os mais beneficiados neste tipo de actividades.
O vencedor, que dedicou o prémio ao grupo de trabalho daquela instituição bancária, concorreu com o secretário-geral do Ministério da Economia, João Kipipa, o director nacional do Tesouro, Armando Manuel, a directora geral do grupo Cosal, Andreia Machado, e com o director jurídico do Banco Besa, António Monteiro.
Para a modalidade Música, o troféu foi atribuído ao rapper Yannick Ngombo, do grupo Afroman, que concorreu com Matias Damásio, Ary e Yuri da Cunha. O vencedor dedicou o prémio aos fãs e aos seus pais que se encontram adoentados.
Os organizadores, como já é habitual, voltaram a surpreender o seu pai ao atribuir o Prémio Carreira, que foi recebido em sua representação pelo chefe da Casa Civil, Frederico Cardoso, que leu uma comunicação do Chefe de Estado dirigida à organização. Além de testemunharem as distinções, nas diversas categorias, os presentes acompanharam a actuação de vários artistas renomados no "music hall" nacional, entre os quais, Dodó Miranda, Yola Araújo, Erica Nelumba, Ary, Bruno M, Pérola, Yuri da Cunha e Yannick. A este último coube a missão de encerrar a gala com quatro números do seu álbum de estreia.

Fonte: Tribuna da Kianda com Angop

Novos ventos na FNLA

O conflito existente na Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) poderá conhecer o seu fim, nos próximos tempos, caso as partes envolvidas (alas lideradas pelo primeiro vice-presidente Lucas Ngonda, o segundo vice-presidente Ngola Kanbangu e o psicólogo Carlinhos Zassala na qualidade de requerente), acatem as orientações saídas da audiência que tiveram no Tribunal Constitucional na pretérita quinta-feira, 14.
As partes envolvidas no processo foram auscultadas em separada pelos técnicos do TC que recomendaram ao psicólogo Carlinhos Zassala e ao Lucas Ngonda que tentassem novamente resolver o problema internamente dada a importância histórica do partido.
“Os peritos leram na minha presença o artigo 509º do Código Civil e explicaram que tendo em conta a importância histórica da FNLA, que faz dele património nacional, surge uma grande necessidade de se estabelecer um consenso entre as partes envolvidas nesse processo. É com base nisso que o Tribunal deu-nos a oportunidade para encontrarmos uma solução pacífica fora dos órgãos judiciais, por isso sentarei à mesa de negociações com o Ngola Kanbangu e o Lucas Ngonda”, explicou Carlinhos Zassala.
A crise na FNLA agravou-se após o falecimento do seu líder histórico pelo facto de não terem sido respeitados as orientações saídas do congresso da reconciliação de 2004, onde o malogrado Holden Roberto foi indicado como presidente, Lucas Ngonda como primeiro vice-presidente e o Ngola Kanbangu como segundo vice-presidente.
Na esperança de tentar justificar a origem da crise do partido, Carlinhos Zassala contou que os estatutos da FNLA recomendam que depois da morte do presidente do partido compete unicamente ao primeiro vice-presidente reunir os órgãos centrais, nomeadamente, o Bureau Político e o Comité Central.
“Os estatutos foram violados pelo Ngola Kanbangu ao convocar os órgãos centrais e consequentemente um congresso. Penso que nenhuma instituição pode funcionar com harmonia quando os seus membros não cumprem com os seus estatutos e regulamentos”, acusou. Acrescentando de seguida que “felizmente depois de termos impugnado o congresso organizado pelo Ngola Kanbangu, à semelhança do que fizemos no congresso do Lucas Ngonda, o Tribunal Supremo tomou na ocasião uma decisão que considero de justa e esperamos a mesma do Tribunal Constitucional”.
Carlinhos Zassala revelou que caso o processo de reconciliação seja célere, de acordo com o regulamento do nosso partido, dentro de noventa dias organizarão um novo congresso onde para além de sair um novo líder fará com que os militantes estejam imbuídos de um espírito de unidade e reconciliação.
“Neste momento o nosso impacto na Assembleia Nacional é praticamente inexistente e as nossas contribuições para a constituição não se fazem valer porque as declarações que o Ngola Kanbangu está a fazer é simplesmente a posição dele e dos seus acompanhantes, mas não é a posição da FNLA”.
Ngola Kanbangu disputou no congresso extraordinário de 2007 à presidência do partido com Miguel Damião e Carlinhos Zassala, no qual venceu folgadamente com mais de 90% dos votos.
O secretário da ala reformista da FNLA, Augusto Paulo, denunciou, na altura, que em termos estatutários o conclave realizado por Ngola Kabangu teria razão de ser caso reunisse pelo menos dois terços dos delegados eleitos conforme rezam os estatutos, sublinhando que dos 321 membros do Comité Central, apenas 100 terão participado no conclave, o que torna-o inválido.
Antes da realização desta assembleia, corriam informações nos meios de comunicação social que davam conta que Carlinhos Zassala impugnaria o enclave por ter constatado algumas irregularidades. O que aconteceu durante a realização da plataforma eleitoral e quase provocou o desmaio do jurista Fernando Macedo que presidia a comissão eleitoral.
Entre as denúncias, constava que a comissão preparatória do congresso era ilegal por ter sido criada numa reunião do bureau político do partido em que participaram apenas 19 dos 59 membros.
O também professor universitário é de opinião que se retomem as negociações, mas com a mesma comissão de mediação, constituída pelo padre Luís Kondjimbi, João Kambwela, o reverendo Ndoni Nzinga, sob a coordenação de Dom Anastácio Kahango, visto que o jornalista Wilian Tonet afastou-se do processo. Carlinhos Zassala solicitou ainda o acompanhamento de um dos técnicos do Tribunal Constitucional.
“A audiência seria apenas entre o requerente e a parte requerida, mas o tribunal achou por bem convocar o professor Lucas Ngonda para tomar conhecimento das suas orientações”, rematou.
Este semanário envidou todos os esforços necessário para colher o depoimento do Ngola Kanbangu, mas não foi possível pelo não de o mesmo comparecer da sede do partido e ter mantido os dois telefones desligados.
Segundo fontes contactadas pelo Tribuna da Kianda, Ngola Kanbangu quer unicamente negociar com base no que diz os estatutos do partido, ao passo que o psicólogo Carlinhos Zassala defende que se retomem as negociações, tendo em atenção as bases saídas do congresso da reunificação, realizado em 2004.
A facção dirigida pelo sociólogo Lucas Ngonda que foi rejeitada pelo Tribunal Constitucional por altura das eleições legislativas do ano transacto.

Paulo Sérgio aborda “Burla Tailandesa” em livro

O jornalista Paulo Sérgio aborda “Burla Tailandesa” em livro. Uma obra que relata os meandros desse mediático caso que envolveu generais,...