segunda-feira, 3 de maio de 2010

Luanda regista 100 violações sexuais em três meses

O porta-voz do comando provincial de Luanda da Polícia, superintendente chefe Jorge Bengue, revelou esta quarta-feira, 28, que durante o primeiro trimestre do corrente ano, foram registados 100 casos de violações sexuais, em que foram vítimas adolescentes e jovens com idades compreendidas entre os 14 e os 20 anos.
Setenta e dois casos foram esclarecidos e resultaram na detenção de 65 indivíduos cujos processos correm os trâmites legais, ao passo que os restantes 28 estão ainda na fase de instrução processual.
As estatísticas do Comando Provincial atestam que os municípios do Cazenga e Viana lideram a lista de ocorrências com 19 casos cada, seguidos pelo Cacuaco com 18, Maianga com 13, Sambizanga com 11, Kilamba Kiaxi com sete, Rangel com seis, Sambizanga com quatro e Ingombota com três.
O jovem José António, de 21 anos, em companhia de dois amigos, vulgarmente conhecidos por 60 e Rebenta, arrombaram a porta de uma residência no Kilamba Kiaxi onde viviam duas mulheres, por volta das 3 horas da manhã de segunda-feira, 26, com o intuito de se satisfazerem sexualmente. Antes de cometerem o crime, os acusados encontravam-se a consumir bebidas alcoólicas na lanchonete Oladim Raste que se encontra naquele município, segundo contam testemunhas. Saíram de lá por volta da meia-noite e permaneceram na via pública até às três horas da manhã, enquanto aguardavam o momento o ideal para invadirem a residência.
“Foi a partir daquele momento que, por influência de um deles, decidimos invadir a casa e forçá-las a fazer amor connosco.
Quando chegamos lá, o Rebenta bateu à porta pela segunda vez e assim que a adolescente veio abrir avançamos um de cada vez”, contou José António, que não conseguia falar direito devido os ferimentos que tinha no rosto.
Ao ouvirem os gemidos de dor da adolescente, cujo nome Jorge Bengue não aceitou revelar para não a expor, os vizinhos saíram dos seus aposentos, pegaram nos objectos contundentes que tinham à mão para se defenderem dos marginais e foram tentar socorrer a jovem. Mas, infelizmente, este acto aconteceu depois de ela ter suportado a agonia de ser obrigada a satisfazer sexualmente os dois indivíduos que a ameaçavam para não gritar.
“Ela não gritava e como estava muito entretido naquilo não me apercebi da presença dos vizinhos e encontraram-me em cima dela. Ao passo que os meus companheiros que estavam a vigiar conseguiram fugir assim que se aperceberam do movimento estranho”, explicou.
Depois de deter o alegado violador, os vizinhos ligaram para a Polícia. Enquanto aguardavam pela chegada do carro de patrulha, amarraram o jovem para que não tomasse o mesmo rumo dos seus cúmplices.
Além deste indivíduo, os investigadores da Divisão de Cacuaco detiveram no sábado, 24, os jovens Augusto Fernandes, 19 anos, Estafánio Augusto e Anacleto António, ambos com 17 anos, acusados de estuprarem uma adolescente de 16 anos, que responde pela alcunha de Macaia.
Os acusados contaram que encontraram a rapariga na tarde do domingo, 18, numa das ruas do bairro do Paraíso, a dialogar com as suas amigas e convencerem-na a fazer relações sexuais.
“Dissemos-lhe desde o início que somos três e ela concordou, mas se por ventura a Macaia decidisse o contrário compreenderíamos e a deixaríamos em paz, tendo em conta que não receberia nada em troca do prazer”, explicou Augusto Fernandes.
Na casa abandonada para onde a levaram, os rapazes decidiram satisfazer o prazer de forma ordenada. Enquanto um consumava o acto, os outros assistiam aguardando pela sua vez.
“Como não dava para fazermos os três ao mesmo tempo quem fez primeiro foi o Anacleto, depois eu e o Estafánio.
Ninguém a segurou como se estivesse a obrigá-la, foi tudo devagar e de forma tranquila”, detalhou um dos rapazes.
Questionado sobre se haviam feito aquilo sob influência do álcool ou de uma outra droga, alegaram que fizeram-no de forma consciente. Ao sair da casa abandonada, a adolescente, que é descrita como sendo uma pessoa que não tem família em Luanda e vive na rua, contou às amigas que tinha sido violentada por aqueles três indivíduos, as quais a aconselharam a apresentar queixa na esquadra mais próxima.
Depois de detidos no Posto da Polícia do Bairro Paraíso, os acusados foram transferidos para a Esquadra do Bom Pastor, onde a vítima prestou informações contrárias às inicialmente avançadas por eles.
Perante as acusações, os investigadores transferiram o caso para o Comando Municipal de Cacuaco, onde após a legalização da detenção e a conclusão da fase de instrução processual proceder-se-á o encaminhamento dos mesmos para uma das unidades prisionais da capital do país.
Atendendo à falta de latrina na casa de banho da cela em que se encontram, os jovens que se encontravam descalços e com um cheiro nauseabundo, amarraram um pedaço de saco num dos dedos do pé para “prender” a vontade de fazer necessidade maior.
“Como na cela em que nos encontrámos os polícias só nos dão sacos para defecarmos, os presos mais antigos mandaram-nos fazer isso para travar essa necessidade e tem surtido efeitos”, frisou Anacleto António.

Sem preservativos
José António, que trocou por uma noite a casa da sua mãe e do seu padrasto pela rua, contou que tanto ele como os seus amigos não usaram preservativos e que estava consciente do risco que corria.
“É a primeira vez que pratico uma acção desse género e estou muito arrependido por isso”, manifestou o jovem, mostrando um semblante de tristeza.
Já os jovens que molestaram a adolescente em Cacuaco dizem que o facto de terem usado preservativo demonstra que a vítima está livre de ser contagiada por qualquer doença sexualmente transmissível ou de ficar grávida.
“Sabendo que um homem deve andar sempre prevenido, usamos preservativo porque andamos sempre com eles nas nossas carteiras de bolso e isso só mostra que fomos para a rua conscientes de que havíamos de levá-la. Mas aconteceu.”, tentou ludibriar à imprensa o Augusto Fernandes, mas não teve êxito pelo facto do seu amigo Anacleto confessar que sabiam antecipadamente onde estava a desprotegida.
“Ela contou-nos que vivia com os pais numa das províncias. Decidiu vir para a capital depois de ter sido expulsa de casa e foi inicialmente acolhida por um dos seus irmãos mais velhos, que tomou a mesma decisão que os seus progenitores algum tempo depois. Assim, ela não teve outra saída senão abrigar-se na residência de uma amiga que também a abandonou, deixando-a ao relento”, contou o adolescente.
Os acusados afirmaram em uníssono que aquela foi a primeira vez que praticaram um crime do género e que nunca estiveram presos antes.
O Comando Provincial pretendia apresentar publicamente nesta quarta-feira, 28, na 2ª Esquadra de Polícia, 18 cidadãos acusados de praticarem tais crimes nas últimas semanas, mas não foi possível reuni-los no mesmo sítio por questões técnicas.

Chefe da BET acusado de violação
O antigo comandante da Brigada Especial de Trânsito (BET) de Benguela, José da Costa Tiaba “Pitchu”, apresentou-se esta quarta-feira, 28, à Direcção Provincial de Investigação Criminal depois de ter sido acusado de molestar uma jovem de 22 anos.
Segundo uma fonte ligada à família da vítima, o oficial superior da Polícia transportou-a para a localidade de Talamandjamba, 30kms a sul da cidade, ameaçando-a de morte e obrigou-a a ter relações sexuais consigo, na noite do dia 26.
Antes de se ter apresentado na DPIC de Benguela, surgiram rumores segundo os quais o acusado terse-ia posto em fuga ao aperceber-se que a jovem tinha dado entrada numa das unidade hospitalares e que havia prometido denunciar publicamente o acto.
Com resposta a esta informação, José Tiaba realizou uma conferência de imprensa para tentar esclarecer o sucedido, em companhia do seu advogado António Caxito Marques e do director da Polícia de Investigação Criminal, Valdemar Henriques, que ordenou a sua detenção após o acto.
Na ocasião, o incriminado jurou ser inocente e que tudo aquilo não passava de calúnia porque naquele dia encontrava-se em Luanda, a verificar a sua residência que estava a ruir.
Ao ser questionado pelos jornalistas que estiveram presentes no local, o antigo comandante encaminhou as perguntas ao seu advogado António Marques que se limitou a dizer que os órgãos da polícia criminal e da justiça vão prosseguir com a investigação do caso que abalou os citadinos da referida cidade.
Já o número um da investigação criminal a nível da província, Valdemar Henriques, garantiu que o processo será feito com bastante transparência e declarou aos jornalistas que ele seria apresentado brevemente ao Ministério Público.
“Ele será submetido a um interrogatório e será tratado de acordo com os termos da Lei”, explicou.

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