segunda-feira, 24 de maio de 2010

Cabo da ENE electrocuta três pessoas

Um cabo de média tensão da Empresa Nacional de Electricidade (ENE), que passa pelo bairro da Caop, município de Viana, rebentou na sexta-feira, 14, matou o cidadão Alberto Uame, 34 anos, e feriu gravemente duas crianças.
As meninas, cujos nomes não foram revelados, encontram-se internadas na unidade de cuidados intensivos no Hospital Neves Bendinha, o único especializado em queimaduras, onde foram levadas depois da tragédia.
O incidente ocorreu no período da tarde de um dia que seria de alegria para o mecânico da empresa de transporte SGO, porque tinha sido promovido. O primo do malogrado, Domingos Segunda Augusto, contou que as duas crianças atingidas estavam de passagem quando o fio rebentou e o parente tentou socorre-las. O barulho causado pela queda do cabo levou as pessoas que circulavam na via a fugir, deixando as crianças entregues à sua sorte.
Alberto Uame entrou na sua casa e tirou o barrote que serviu para afastar o metal do corpo das vítimas. Segundo conta, ao afastar o cabo de aço, a força da energia que trazia fez com que o mesmo se enrolasse no corpo do “salvador”. Os telefonemas efectuados pelos vizinhos aos Bombeiros e à ENE, para desligarem a linha, não foram suficiente para impedir a tragédia.
Domingos Augusto disse que o fio atingiu as paredes da sua casa e as pessoas que lá se encontravam só não foram atingidas porque estavam sentadas no sofá a assistirem televisão. No pilar da residência ainda se pode ver as marcas da força do cabo de electricidade.
Os familiares de Alberto Uame lamentam o facto de a ENE só ter desligado a electricidade três horas depois de lhes terem sido comunicada.
Enquanto isso, os efectivos do Comando Municipal da Polícia de Viana permaneceram a proteger o local do incidente.
“Por falta de transporte adequado, tivemos que remover o corpo para a casa mortuária de Catete, no Bengo, numa viatura particular. Foi transferido no dia seguinte para a morgue do Hospital Josina Machel, onde se pretendia efectuar a autópsia, mas o estado do corpo não permitiu”, explicou.
A mãe do malogrado, senhora Uame, soube do incidente do filho através de uma pessoa amiga que lhe telefonou. Consternada, a senhora mostrou à reportagem de O PAÍS o estado em que ficou a camisola que o malogrado trajava no dia e detalhou, aos prantos, que ele ficou com a maior parte do corpo carbonizado.
Os parentes consideraram irrisórios os 100 mil kwanzas que a ENE deu para custear as despesas do óbito e exigem que ela se responsabilize pela formação e educação dos oito filhos que a vítima deixou.
O porta-voz da ENE, Mariano de Almeida, disse que a sua empresa não tem nenhuma responsabilidade sobre a ocorrência, porque as crianças é que foram brincar com o cabo de mais de 220 quilowatts que se encontrava no chão. Segundo ele, a situação tornase mais grave pelo facto de existir uma norma internacional que estabelece que não deve haver nenhum imóvel ou circulação de pessoas a menos de duzentos metros de distância de cada lado dos cabos de média tensão de electricidade.
Mariano de Almeida manifestouse preocupado com os cidadãos que constroem casas nos locais propensos a este tipo de incidentes, em vez de se refugiarem num local seguro. “Como é habitual, sempre que acontecem casos de fios que caem em cima de casas a direcção da ENE apoia as famílias.
Neste não está a acontecer de maneira diferente, porque tanto a do jovem que morreu como a das crianças que se encontram no Hospital estão a receber a nossa ajuda”, explicou.
Contrariando as informações avançadas pelos familiares da vítima, o porta-voz da ENE disse que a sua empresa apoiou o óbito, comprou o caixão e outros bens alimentares. “As crianças estão a receber o apoio do gabinete de recursos humanos e da área social da nossa empresa, tudo isso por uma questão de solidariedade. O que acontece é que na nossa sociedade as pessoas acham que, para além da comida, a empresa é que tem que dar aguardente e sustentar os familiares”, concluiu.

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