quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Mais de 300 escolas católicas no país

O Tribuna da Kianda apurou que existem mais de 300 escolas católicas no país, 30 das quais em Luanda. Segundo a madre Maria da Conceição, a falta de reconhecimento e de apoio da sociedade tem dificultado a sua expansão: “Já estamos cansadas de falar sobre as escolas católicas porque os discursos são todos muito bonitos, quando é para as pessoas arregaçarem as mangas para ajudar notamos uma certa inércia. Para a sociedade esse número pode não dizer nada, mas para nós diz muito e por isso vamos continuar a trabalhar conscientes que Deus reconhece os esforços que temos desprendido”, desabafou a responsável.
Maria Adelina reconhece que, apesar das escolas católicas serem uma minoria, e das dificuldades que enfrentam, não deixaram de existir desde há mais de 2.000 mil anos: “A missão destas instituições é transmitir valores religiosos, morais e culturais.
Nós continuaremos a fazer tudo para cumprir a missão que nos proposemos, por isso é que as nossas escolas estão em zonas do interior onde não há outras”.
Nesta época do ano toda a gente fala sobre as nossas escolas. Nós já fizemos vários apelos através da Rádio Ecclésia e da TPA, mas de nada adiantou porque as pessoas mostram-se insensíveis a esse tipo de acções. Por isso, já não temos muito interesse em falarmos sobre esse assunto”, rematou a madre.
Por outro lado, o sociólogo Afonso Francisco António considera que a procura de vagas nas escolas da Igreja Católica deve-se ao facto de, para além da formação académica, elas incutirem nos estudantes valores morais, razão pela qual são consideradas de instrutoras.
“Não vou falar apenas das escolas da Igreja Católica porque existem as outras religiões que também prestam este serviço à sociedade. Se formos a ver, um indivíduo formado numa dessas escolas adquire um tipo de mentalidade, na maioria das vezes, diferente daqueles que estudaram nas escolas do Estado”, explicou.
Afonso António é de opinião que as pessoas procuram estas instituições porque querem que os seus filhos tenham uma formação de qualidade e com bases bem sólidas: “E, como essa qualidade não é visível em algumas escolas públicas recorrem a esses estabelecimentos de ensino”, explicou.
Questionado sobre se o facto de os educadores se sujeitarem a passar a noite ao relento para conseguirem vaga não demonstra que existe falta de confiança nas instituições de ensino público, o sociólogo disse que “as pessoas passaram a noite defronte às escolas católicas na busca da qualidade que julgam que não encontrariam nos estabelecimentos de ensino público, como acontece em muitos países”.
Afonso António pensa ainda que essa procura poderá resultar nos próximos tempos numa sociedade melhor formada e recta, porque os estudantes que frequentam esses estabelecimentos recebem uma boa educação, nutrida de valores culturais e morais.
“Com esses valores as pessoas depois de formadas estão em melhores condições de contribuírem para o desenvolvimento da nossa sociedade e, por outro lado, prova disso é que da Igreja Católica saíram pessoas que hoje constituem uma grande franja que observa os valores morais”, frisou.
Diante de tal situação, segundo o nosso interlocutor, o Estado não deve agir como inimigo da Igreja, mas encará-la como um parceira e agradecer-lhe pelo trabalho que tem prestado à sociedade, que consiste em educar o homem para garantir o amanhã.

“As pessoas seguem qualidade”
A representante em Angola da Congregação das Irmãs de São José de Cluny, Maria da Conceição Adelina, esclareceu esta quarta-feira, 28, o Tribuna da Kianda que a instituição tem apenas 55 vagas e os critérios de selecção consistem em dar prioridade aos filhos das primeiras pessoas que assinaram a lista.
“Nós não mandamos as pessoas passarem a noite ali fora, até porque considerarmos esse acto desumano. Mas elas acharam que só assim conseguiriam a vaga e fizeram”, disse Maria Adelina.
De acordo com a madre, a instituição segue à risca as normas e os regulamentos do Ministério da Educação e foi em cumprimento de tais obrigações que realizaram as matrículas no dia 26.
A madre garantiu que “colaram primeiro um papel na porta anunciando o início das matrículas para a iniciação, as pessoas aderiram em massa e como há poucas vagas sujeitam-se a isso”.
Maria Adelina disse, por outro lado, que contrariamente ao ano lectivo passado em que só leccionavam da iniciação à nona classe, este ano prevêem aumentar para a 10ª classe, visto que o estabelecimento passou a contar, desde o ano passado, com o espaço onde anteriormente funcionava a Universidade Católica de Angola.
No entender da religiosa, as pessoas acorrem ao São José de Cluny não só pelo baixo preço mas também pela garantia da qualidade da educação, porque existem muitos colégios que cobram valores altíssimos mas com baixa qualidade.
Na tabela de preços do ano passado consta que da iniciação à 4ª classe os encarregados de educação devem desembolsar 61 dólares e da 5ª à 9ª classe apenas 66 dólares.
“As pessoas pensam que nós temos muito dinheiro, mas isso não condiz com a realidade e se assim fosse de certeza que construiríamos mais escolas”, realçou a madre.
O salário dos professores desta instituição é pago pelo Estado e o dinheiro arrecadado das mensalidades, segundo a nossa interlocutora, serve para pagar apenas o salário dos seguranças e empregadas de limpeza.
Das mensalidades sai também a remuneração dos professores que ainda não auferem a partir do Ministério, para a manutenção do posto médico e do próprio edifício. A escola fornece uma refeição por dia aos alunos. (Fim)

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