
Eugénio Alexandre disse ainda ser de suma importância informar à sociedade que os meios não foram retidos pela Polícia, mas sim pelo Ministério Público. Por isso é que esteve presente o seu representante junto da DNIC.
Por outro lado, o comissário que se encontra no exterior do país em missão de serviço, declarou que uma “apreensão deste género é um acto normal que acontece em qualquer parte do mundo, quando se está diante de um processo-crime desta natureza.
Apesar de os meios informáticos terem sido apreendidos, o jornal saiu à rua na manhã de sábado como garantiu o seu o editor chefe, Fernando Baxi na Quinta-feira, 15.
Para colmatar a ausência destes equipamentos informáticos e assegurar o normal funcionamento do jornal, a direcção comprou alguns computadores e solicitou outros por empréstimo. As afirmações de Baxi foram feitas no momento em que a sua redacção fechava a edição que chegará amanhã às mãos dos seus habituais leitores.
Os computadores foram retirados na manhã de Segunda-feira, 12, por cerca de 15 efectivos da Polícia Nacional que se faziam acompanhar de uma mandado de busca e apreensão emitido pelo representante da Procuradoria Geral da República junto da DNIC, João Vemba Coca, datado 26 de Janeiro de 2012.

A apreensão dos equipamentos está relacionada com as investigações que o Ministério Público está a realizar desde Dezembro do ano passado, sobre a publicação de uma fotomontagem satírica veiculada na internet, na qual aparecem o Presidente José Eduardo dos Santos, o vice-presidente Fernando da Piedade Dias dos Santos e o ministro de Estado e Chefe da Casa Militar da Presidência da República, general Hélder Vieira Dias.
Esta explicação foi avançada pelo director do Folha 8, William Tonet, em entrevista à agência de portuguesa de notícias, Lusa. Em função do sucedido, várias foram as vozes que se levantaram a favor dos jornalistas. Numa nota enviada a nossa redacção, o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) condenou a incursão policial, baseando-se numa cópia do mandado que solicitava a apreensão de todos os computadores e ferramentas usadas para cometer “actos que constituem um crime de ultraje contra o Estado, a pessoa do Presidente, e órgãos do executivo”.
“A apreensão dos computadores do Folha 8 é um simples acto de censura, direccionado a silenciar um dos poucos meios de comunicação independentes remanescentes em Angola”, disse o coordenador de defesa dos jornalistas africanos do CPJ, Mohamed Keita.
Explicando de seguida que “a sátira não é um ultraje contra o Estado é uma parte importante do vigoroso debate numa sociedade livre.
Pedimos às autoridades angolanas que devolvam de vez os computadores ao Folha 8 e interrompam este inquérito politicamente motivado”.
Por seu turno, o jurista e líder da Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD), António Ventura, considera que a apreensão dos instrumentos de trabalho do semanário “Folha 8” tem de estar dentro das competências atribuídas ao Ministério Publico e deve ser baseada numa queixa apresentada pelas entidades lesadas na publicação da fotomontagem por aquele jornal no ano passado.
O jurista afirmou também, à Voz da América, que só devem ser apreendidos meios considerados como objecto crime.
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