Costa Direito, 34 anos, é um dos 14 pacientes que foram transferidos do Hospital Geral de Luanda (HGL) para a Clínica Multiperfil, depois de os técnicos do Ministério do Urbanismo e Construção terem constatado que aquela unidade sanitária está a cair aos pedaços.
O jovem deu entrada no princípio do mês de Maio no HGL, depois de ter sido atropelado quando tentava atravessar a estrada de Catete. Antes de ser encaminhada para o hospital, a vítima foi transportada para um dos centros de saúde de Viana, vulgarmente conhecido como Hospital da Ana Paula, onde recebeu os primeiros socorros.
Contrariamente ao que se esperava, o nosso interlocutor acabou por ficar mais de dois meses internado, à espera de uma vaga no Bloco Operatório, para ser submetido a uma cirurgia que determinaria se voltaria ou não a andar.
“Durante este tempo que permaneci lá, os médicos só diziam que não havia outra solução senão esperar porque havia muitos pacientes a aguardar para serem operados”, explicou.
Para além do grande volume de enfermos que se encontravam na lista de espera, este paciente teve que confrontar-se com a falta de energia e água potável.
Sem fazer grande esforço de memória, Costa Direito contou que viveu naquele local dois momentos que ficarão para sempre guardados na sua memória pelos seguintes motivos: o primeiro deu-se quando foi informado que teria de ceder o seu lugar a uma jovem que havia dado à luz e necessitava de ser urgentemente operada.
O segundo momento aconteceu quando recebeu, com 24 horas de antecedência, a informação de que seria submetido à tão esperada cirurgia. A sua felicidade era tanta que contagiou não só os seus familiares como as pessoas que entraram depois de si no Hospital.
“Este dia marcou-me porque, no momento em que estava deitado na mesa de operação, os médicos foram informados que não podiam começar a cirurgia porque não havia água no hospital”, contou com ar de tristeza.
Ansiosos pelas cirurgias
Ao ser evacuado para a Clínica Multiperfil, a ânsia de voltar a caminhar com as suas próprias pernas ou com a ajuda de uma muleta, voltou a reinar na mente de Costa Direito e dos seus parentes, que já estavam desesperados.
Atendendo ao seu avançado estado de saúde, a equipa médica realizou a cirurgia que ele tanto precisava na manhã desta segunda-feira, 5. Depois de permanecer dois dias sob observação, o paciente tomou conhecimento que receberia alta nesta sexta-feira, 9.
“Agora sinto-me melhor e feliz porque o médico que me está a acompanhar disse que regressarei a minha casa depois de dois meses de ausência”, frisou.
Entre os doentes encaminhados para a Multiperfil, encontra-se também o jovem Ataniel Cadete que, depois de fracturar o fémur num acidente de viação, foi transportado para o Hospital Geral de Luanda por ser o mais próximo de casa.
O jovem, que foi operado um dia depois de dar entrada naquela clínica, estava de malas feitas para regressar a casa, após passar cinco dias sob acompanhamento médico, quando se deparou com a nossa equipa de reportagem.
“Os médicos já me deram alta e disseram para regressar de dois em dois dias para ser medicado”, explicou, olhando para a sua progenitora, que o acompanhava.
A senhora Beatriz Cadete disse que, ao constatar que a medicação que estava a ser feita pelos especialistas do HGL não surtia efeitos, solicitou-lhes que passassem uma guia de transferência mas eles recusaram.
A vida por um fio
Durante a visita que a equipa de reportagem de Tribuna da Kianda fez à Multiperfil, o cenário mais constrangedor foi constatado no Banco de Urgências. Num dos leitos deste departamento estava a jovem Branca Neto, 25 anos, que dera entrada em estado grave e que carecia de cuidados específicos.
À semelhança do que aconteceu nas secções por onde a nossa equipa de reportagem passou, Manuel Dias dos Santos, o director da clínica, tentou manter o primeiro contacto com a doente para avaliar se estava ou não em condições de ser entrevistada.
Com ar de preocupação e de tristeza por ver que a paciente ainda estava numa situação delicada, o médico confirmou aos repórteres o que era visível a olho nu. “Ela está muito mal. Tem muitas perfurações nos intestinos, o melhor a fazer é não insistir”, explicou baixando a cabeça. A senhora Catarina Cristóvão, 58 anos, permaneceu mais de um mês no HGL, no mesmo estado em que entrou, com o corpo todo inflamado, porque os técnicos de saúde não conseguiram diagnosticar a doença de que padecia.
“Os médicos aconselharam-me a ir à Clínica Multiperfil ou ao Hospital Militar porque não estavam a conseguir detectar a minha doença”, desabafou. Apesar de se encontrar ainda na sala de oxigénio, a anciã, radiante de alegria, tentava a todo custo relatar os locais por onde passara à procura da cura para a sua enfermidade.Para além do HGL, na lista por onde passou consta ainda a sua passagem por uma igreja localizada no bairro da Boa Fé, em Viana.
O jovem deu entrada no princípio do mês de Maio no HGL, depois de ter sido atropelado quando tentava atravessar a estrada de Catete. Antes de ser encaminhada para o hospital, a vítima foi transportada para um dos centros de saúde de Viana, vulgarmente conhecido como Hospital da Ana Paula, onde recebeu os primeiros socorros.
Contrariamente ao que se esperava, o nosso interlocutor acabou por ficar mais de dois meses internado, à espera de uma vaga no Bloco Operatório, para ser submetido a uma cirurgia que determinaria se voltaria ou não a andar.
“Durante este tempo que permaneci lá, os médicos só diziam que não havia outra solução senão esperar porque havia muitos pacientes a aguardar para serem operados”, explicou.
Para além do grande volume de enfermos que se encontravam na lista de espera, este paciente teve que confrontar-se com a falta de energia e água potável.
Sem fazer grande esforço de memória, Costa Direito contou que viveu naquele local dois momentos que ficarão para sempre guardados na sua memória pelos seguintes motivos: o primeiro deu-se quando foi informado que teria de ceder o seu lugar a uma jovem que havia dado à luz e necessitava de ser urgentemente operada.
O segundo momento aconteceu quando recebeu, com 24 horas de antecedência, a informação de que seria submetido à tão esperada cirurgia. A sua felicidade era tanta que contagiou não só os seus familiares como as pessoas que entraram depois de si no Hospital.
“Este dia marcou-me porque, no momento em que estava deitado na mesa de operação, os médicos foram informados que não podiam começar a cirurgia porque não havia água no hospital”, contou com ar de tristeza.
Ansiosos pelas cirurgias
Ao ser evacuado para a Clínica Multiperfil, a ânsia de voltar a caminhar com as suas próprias pernas ou com a ajuda de uma muleta, voltou a reinar na mente de Costa Direito e dos seus parentes, que já estavam desesperados.
Atendendo ao seu avançado estado de saúde, a equipa médica realizou a cirurgia que ele tanto precisava na manhã desta segunda-feira, 5. Depois de permanecer dois dias sob observação, o paciente tomou conhecimento que receberia alta nesta sexta-feira, 9.
“Agora sinto-me melhor e feliz porque o médico que me está a acompanhar disse que regressarei a minha casa depois de dois meses de ausência”, frisou.
Entre os doentes encaminhados para a Multiperfil, encontra-se também o jovem Ataniel Cadete que, depois de fracturar o fémur num acidente de viação, foi transportado para o Hospital Geral de Luanda por ser o mais próximo de casa.
O jovem, que foi operado um dia depois de dar entrada naquela clínica, estava de malas feitas para regressar a casa, após passar cinco dias sob acompanhamento médico, quando se deparou com a nossa equipa de reportagem.
“Os médicos já me deram alta e disseram para regressar de dois em dois dias para ser medicado”, explicou, olhando para a sua progenitora, que o acompanhava.
A senhora Beatriz Cadete disse que, ao constatar que a medicação que estava a ser feita pelos especialistas do HGL não surtia efeitos, solicitou-lhes que passassem uma guia de transferência mas eles recusaram.
A vida por um fio
Durante a visita que a equipa de reportagem de Tribuna da Kianda fez à Multiperfil, o cenário mais constrangedor foi constatado no Banco de Urgências. Num dos leitos deste departamento estava a jovem Branca Neto, 25 anos, que dera entrada em estado grave e que carecia de cuidados específicos.
À semelhança do que aconteceu nas secções por onde a nossa equipa de reportagem passou, Manuel Dias dos Santos, o director da clínica, tentou manter o primeiro contacto com a doente para avaliar se estava ou não em condições de ser entrevistada.
Com ar de preocupação e de tristeza por ver que a paciente ainda estava numa situação delicada, o médico confirmou aos repórteres o que era visível a olho nu. “Ela está muito mal. Tem muitas perfurações nos intestinos, o melhor a fazer é não insistir”, explicou baixando a cabeça. A senhora Catarina Cristóvão, 58 anos, permaneceu mais de um mês no HGL, no mesmo estado em que entrou, com o corpo todo inflamado, porque os técnicos de saúde não conseguiram diagnosticar a doença de que padecia.
“Os médicos aconselharam-me a ir à Clínica Multiperfil ou ao Hospital Militar porque não estavam a conseguir detectar a minha doença”, desabafou. Apesar de se encontrar ainda na sala de oxigénio, a anciã, radiante de alegria, tentava a todo custo relatar os locais por onde passara à procura da cura para a sua enfermidade.Para além do HGL, na lista por onde passou consta ainda a sua passagem por uma igreja localizada no bairro da Boa Fé, em Viana.
Kilamba Kiaxi com apenas um hospital
Com o encerramento do HGL, os munícipes do Kilamba Kiaxi (KK) acabaram por ficar com apenas uma unidade sanitária próxima das suas residências.
A equipa de reportagem de O PAÍS acompanhou de perto o caso de uma cidadã que se dirigiu na última quarta-feira, 7, por volta das 13 horas, aflita com dor de dentes, à delegação municipal da Saúde do KK na esperança de receber cuidados médicos, não tendo sido socorrida.
“Minha senhora, infelizmente não podemos ajudá-la porque o hospital está encerrado para obras há muito tempo e aqui, na Delegação, não prestamos qualquer tipo de serviço médico”, esclareceu o recepcionista à paciente.
Atordoada pela dor e com dificuldades para se pronunciar devidamente, a cidadã limitou-se a perguntar ao seu interlocutor onde se deveria dirigir.
“Aconselho a senhora a ir ao Hospital Neves Bendinha, por ser o mais próximo que há. Lá, para além dos cuidados prestados aos doentes de queimaduras, têm uma secção onde tratam este tipo de patologia”, explicou, acrescentando que “a esta hora já não adianta, tendo em conta que para ser atendida terá que marcar o lugar às primeiras horas do dia. Convém aguentar mais um bocadinho e ir lá amanhã”.
A senhora Beatriz Cadete, moradora do GOLF II, manifestou estar bastante preocupada com o encerramento do Hospital Geral de Luanda e o do Avô Kumbi porque sempre que os munícipes precisarem de assistência médica terão que recorrer aos postos médicos, que podem não ser os ideais.
“A partir de agora as coisas ficaram mas complicadas tendo em conta que passamos a contar apenas com os postos médicos privados que estão próximos das nossas casas, uma vez que o Hospital Neves Bendinha está muito distante”, concluiu.
Com o encerramento do HGL, os munícipes do Kilamba Kiaxi (KK) acabaram por ficar com apenas uma unidade sanitária próxima das suas residências.
A equipa de reportagem de O PAÍS acompanhou de perto o caso de uma cidadã que se dirigiu na última quarta-feira, 7, por volta das 13 horas, aflita com dor de dentes, à delegação municipal da Saúde do KK na esperança de receber cuidados médicos, não tendo sido socorrida.
“Minha senhora, infelizmente não podemos ajudá-la porque o hospital está encerrado para obras há muito tempo e aqui, na Delegação, não prestamos qualquer tipo de serviço médico”, esclareceu o recepcionista à paciente.
Atordoada pela dor e com dificuldades para se pronunciar devidamente, a cidadã limitou-se a perguntar ao seu interlocutor onde se deveria dirigir.
“Aconselho a senhora a ir ao Hospital Neves Bendinha, por ser o mais próximo que há. Lá, para além dos cuidados prestados aos doentes de queimaduras, têm uma secção onde tratam este tipo de patologia”, explicou, acrescentando que “a esta hora já não adianta, tendo em conta que para ser atendida terá que marcar o lugar às primeiras horas do dia. Convém aguentar mais um bocadinho e ir lá amanhã”.
A senhora Beatriz Cadete, moradora do GOLF II, manifestou estar bastante preocupada com o encerramento do Hospital Geral de Luanda e o do Avô Kumbi porque sempre que os munícipes precisarem de assistência médica terão que recorrer aos postos médicos, que podem não ser os ideais.
“A partir de agora as coisas ficaram mas complicadas tendo em conta que passamos a contar apenas com os postos médicos privados que estão próximos das nossas casas, uma vez que o Hospital Neves Bendinha está muito distante”, concluiu.
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