sexta-feira, 23 de julho de 2010

Caso Hospital Geral: Pacientes sentem-se abandonados

Os pacientes que beneficiavam de tratamento ambulatório no Hospital Geral de Luanda (HGL) enfrentam inúmeras dificuldades para prosseguir com a medicação, dado desconhecerem as unidades sanitárias onde se dirigem.
Luísa Francisco, 80 anos, deslocou-se a passada terça-feira, dia 13, em companhia do seu esposo José da Rocha, 75 anos, ao HGL para fazer a consulta de ortopedia que havia marcada no final do mês passado.
A paciente foi informada pelos seguranças que se deviam deslocar ao Centro de Saúde do Camama, mas os técnicos de saúde que ali trabalham encaminharam-nos para o Hospital Ana Paula, em Viana. Apesar do cansaço, os dois decidiram continuar a marcha em direcção à unidade sanitária para onde foram encaminhados, na esperança que a anciã fosse medicada.
“As funcionárias do Hospital Ana Paula disseram que o médico que nos devia atender entrou de férias e reencaminhara-nos para o HGL”, confessou o esposo, acrescentando que “o que mais me preocupa é que não conseguimos dormir porque ela está a sentir muita dor e hoje é o dia marcado pela senhora Elisa Domingos para o doutor Henrique Gomes a atender”, explicou José da Rocha, apontando para o braço da sua esposa.
Mas na lista de transferência dos técnicos do HGL para outras unidades sanitárias publicada pela direcção consta que o ortopedista Henrique Gomes, a quem a médica Elisa Domingos encaminhou a paciente, foi enquadrado no Centro Ortopédico de Viana.
No espaço de 30 minutos, o Tribunal da Kianda acompanhou o caso de outras três senhoras que levaram os seus filhos para serem retiradas as talas dos braços, tendo sido, no entanto, obrigadas a procurar outros postos de saúde.
Contactada por este jornal, a directora do Hospital Geral de Luanda, Isabel Massocolo, não avançou qualquer informação sobre este assunto.
Só poderá fazê-lo, explicou, “depois de receber o hospital de campanha e definir os serviços que serão prestados”.
Isabel Massocolo disse ainda que os pacientes com consultas marcadas no Hospital Geral de Luanda são atendidos gratuitamente nos centros e postos de saúde espalhados pelo município do Kilamba Kiaxi. O HGL atendia diariamente 300 doentes nos serviços de urgência e uma média de 150 partos e 12 cesarianas. O serviço de pediatria atendia em média 100 doentes, 30 dos quais eram internados.
Devido à zona onde se encontra localizada, a área de ortopedia do hospital era muito solicitada para atender as vítimas dos acidentes de viação que ocorriam na via rápida do Golf II e na estrada do Camama-Luanda-Sul.
As tendas começaram a ser montadas no Domingo passado sob a orientação do ministro do Interior, Roberto Leal Monteiro “Ngongo”, na qualidade de coordenador Nacional da Protecção Civil.

Funcionários transferidos
Os funcionários do Hospital Geral de Luanda foram distribuídos pelas diversas instituições de saúde que existem na capital e alguns serão repescados assim que o hospital de campanha entrar em funcionamento. Os ortopedistas e técnicos de cirurgia foram encaminhados para o Centro Ortopédico de Viana e os do bloco operatório para o Hospital do Prenda.
Os trabalhadores da área administrativa do Hospital Geral de Luanda passaram a trabalhar na delegação municipal da Saúde do Kilamba Kiaxi e na administração comunal do Camama.
Construído em 2006 pela empresa chinesa de construção civil Sociedade de Engenharia de Ultramar da China (COVEC), o HGL envolveu um investimento de nove milhões de dólares.

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