terça-feira, 8 de junho de 2010

Preços dos móveis deixam jovens em apuros (1)

Manuel Francisco, de 30 anos, é o exemplo típico de jovens angolanos que viu obrigado criar as mínimas condições para adequar a mobília da sua preferência.
O jovem que vive maritalmente há três anos contou à equipa de reportagem do Tribuna da Kianda que ao tomar conhecimento que a companheira estava em estado de mãe, passou a fazer a poupança para arrendar uma casa e a respectiva mobília.
“Na altura trabalhava numa oficina de mecânica como mestre de segunda classe e como a minha remuneração era feita em função dos carros que reparávamos, tive que trabalhar quase que a triplicar porque havia sido informado pelos pais dela que após o pedido teria que levá-la”, recordou o jovem que naquela altura vivia em casa dos seus pais.
Trabalhando durante sete meses de segunda à segunda, o nosso interlocutor, segundo conta, conseguiu economizar cerca de 250 mil Kwanzas que serviu não só para pedir a mão da sua companheira, como pagar uma multa estipulada por deixá-la em estado de gestação em casa dos pais e comprar os móveis para casa.
Manuel Francisco explicou que gastou no total 150 mil Kwanzas no pedido e o restante serviu para subtrair 60 mil para pagar seis meses adiantado a renda de uma modesta residência de um quarto, sala e casa de banho, onde passou a viver com ela.
Atendendo ao facto de não ter nenhum móvel de grande valor no quarto que partilhava com o seu irmão menor, o jovem aproveitou os 40 mil kwanzas que sobraram e mais um valor que lhe foi doado pelos seus familiares comprar alguns bens materiais num dos armazéns do grupo Badika, Hoji Ya Henda. A escolha do local para a compra de electrodoméstico e mobiliário surgiu através de um familiar que ali funcionava e considerava a loja como sendo uma das mais acessíveis do mercado.
Prova disso, segundo contou, é que ele com o pouco dinheiro que tinha conseguiu comprar uma cama de casal de ferro, a 15 mil Kwanzas, um colchão de mola, a 10 mil Kwanzas, um jogo de mesa com quatro cadeiras, a 20 mil Kwanzas, e uma estante pequena para o televisor a sete mil Kwanzas.
O jovem que encontra-se actualmente a trabalhar como agente da Polícia Nacional desabafou ainda que só conseguiu suprir as dificuldades que surgiram na altura porque a sua esposa, Alberta Carlos, de 28 anos, já tinha alguns bens que adquiriu enquanto funcionária de um dos armazéns da Arosfram.
Contrariamente ao seu esposo, Alberta Carlos detalhou radiante de alegria que havia comprado uma arca pequena, um fogão de quatro bocas, um armário e um guarda-fato que serviu para guardar a roupa do casal nos primeiros meses de convívios, muito antes de estar em estado de gestação.
Casal prevenido
A jovem Rosária dos Santos que completará no próximo dia 25 Junho quatro anos a viver debaixo do mesmo tecto com o seu esposo, contou que as coisas para eles foram mais fáceis, porque ele já morava sozinho na época do namoro e planearam antecipadamente todos os bens que comprariam com o passar do tempo.
A nossa interlocutora explicou que apesar de viverem em casa separada, o casal optou por elaborar uma lista de prioridades, contendo tudo aquilo que precisariam para ter maior conforto e comodidade quando estivessem a habitar juntos. Como ambos já trabalhavam numa instituição pública, sempre que recebiam o ordenado, separavam o dinheiro para pagar as suas despesas diárias e o restante servia para comprar móveis.
“A primeira coisa que compramos foi uma cama no valor de 17 mil kwanzas e as outras coisas fomos adquirindo com o passar do tempo.
Para nós, não importava a origem dos móveis e a única coisa que queríamos era ter a nossa casa bonita gastando o pouco que tínhamos”, recordou sorrindo.
Rosária dos Santos, de 31 anos, desabafou que a maior parte dos bens que deram outra imagem à sua casa naquela altura, não duraram muito tempo devido a má qualidade do material, mas que mesmo assim não se sente arrependida pelo investimento feito. De acordo com a lista feita há cinco anos atrás pelo casal, que O PAÍS teve acesso, a primeira a estragar foi a cama que durou cerca de seis meses, seguido das cadeiras que não resistiram a uma inundação em sua casa, dois anos depois da compra.
Apesar de já não precisar quanto lhes terá custado apetrechar a sua residência, Rosária dos Santos esclareceu que as coisas acabaram por ficar mais caras devido o aluguer da viatura para transportar dos armazéns da Gajajeira para a sua residência no Rangel.
A mão-de-obra dos jovens que se dedicam à montagem deste equipamento, também consta na lista de encargos.
A nossa interlocutora disse ainda que o seu cônjuge comprou recentemente uma estante para a sala no valor 24 mil kwanzas e para não lhe ficar muito caro o transporte, optou por ocupar o banco de traz de um táxi de marca Toyota Hiace e pagou por cada lugar o mesmo preço que os passageiros haviam de desembolsar.

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