terça-feira, 20 de abril de 2010

Rafael Marques "busca" protecção nos EUA

O analista político Justino Pinto de Andrade considera o facto do jornalista e activista cívico angolano Rafael Marques ter sido recebido na quinta-feira no Departamento de Estado Norte Americano pela sub-secretária de estado adjunta para África, Susan Page, como uma forma de garantir a sua protecção.
Justino Pinto de Andrade explicou que tanto o activista cívico como os demais cidadãos que têm mexido em “colmeias muito perigosas” devem receber alguma protecção para evitar que lhes aconteça algo de mal.
“A única arma que as pessoas que assumem tais posições e fazem estes pronunciamentos publicamente têm é verem o seu trabalho reconhecido por parte de algumas organizações internacionais”, frisou.
O analista político teceu tais considerações, esta segunda-feira, 19, ao fazer a análise dos semanários publicados no último final de semana em Luanda, em entrevista à Rádio Ecclésia. Emissora Católica de Angola.
De acordo com o Semanário Angolense, Rafael Marques e a sua anfitriã falaram sobre a situação política e económica bem como a questão da corrupção em Angola. O jornalista visita os Estados Unidos desde domingo passado.
Rafael Marques tem em andamento um levantamento que mostra como a criação de uma classe empresarial nacional resultou na concentração de bens e fundos nas mãos de um grupo muitíssimo restrito de angolanos, na apropriação indevida de bens públicos, e na promiscuidade de servidores públicos, entre os quais ministros, deputados e assistentes do presidente da República.
O relatório anual da Human Rights Watch publicado na semana passada diz que o governo angolano não tem feito o suficiente para travar a corrupção e a gestão danosa que afectam o país. Sugere que as medidas de combate à corrupção anunciadas pelas autoridades não têm produzido os efeitos esperados.
A Human Rights Watch diz igualmente que embora Angola seja o maior produtor de petróleo de África, milhões de angolanos continuam com o acesso limitado a serviços básicos e sociais.
A questão da corrupção levou Rafael Marques ao Banco Mundial onde conversou com Wiiliam King Mills, assessor principal da vice-presidente da instituição. Rafael Marques tinha agendado para ontem, sexta-feira, já com esta edição a caminho da impressão, uma intervenção no Conselho para Relações Externas, órgão independente de análise e consulta sobre política externa.
Princeton Lyman, antigo embaixador dos EUA na Nigéria e na África do Sul, deveria moderar o debate. Estava previsto que ao lado de Rafael Marques estivesse Nuhu Ribadu, antigo chefe da comissão anti-corrupção da Nigéria.
Rafael Marques está nos Estados Unidos da América a convite da Train Foundation, uma organização sedeada em Nova Iorque. A Train Foundation distinguiu-o em 2006 com o prémio de “coragem civil” e um cheque de 50 mil dólares.
Quem é a figura?
Rafael Marques de Morais é um jornalista e pesquisador angolano, com especial interesse sobre a economia política de Angola e os direitos humanos. Em 2000, recebeu o distinto Percy Qoboza Award [Prémio Percy Qoboza para a Coragem Exemplar] da Associação Nacional dos Jornalistas Negros dos Estados Unidos da América. Em 2006 venceu o Civil Courage Prize [Prémio de Coragem Civil] da Train Foundation (EUA) pelas suas actividades em prol dos direitos humanos.
Tem vários relatórios publicados sobre a violação dos direitos humanos no sector diamantífero em Angola, incluindo A Colheita da Fome nas Áreas Diamantíferas (2008), Operação Kissonde: Os Diamantes da Miséria e da Humilhação (2006), e Lundas: As Pedras da Morte (2005), em co-autoria com Rui Campos.
Malanjino, Rafael é Mestre em Estudos Africanos pela Universidade de Oxford. É formado em Antropologia e Jornalismo na Goldsmith, Universidade de Londres.
Com Semanário Angolense.

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