terça-feira, 13 de abril de 2010

Cobertura jornalística do caso frescura

A jornalista Suzana Mendes, directora para a informação do Jornal Angolense, publicou esta semana na sua coluna “do meu próprio punho”, um interessante artigo sobre risco de termos uma sociedade que concorda tudo o que vê, ouvi e não tem direito de exigir que se faça justiça ou que se respeitem as leis angolanas.
Nas entrelinhas, para a minha felicidade e do meu amigo Mariano Brás, a autora diz que: “a comunicação social é um importante eixo para se medir o nível de democracia de um país e um instrumento determinante para ajudar a esclarecer a população. Mais do que isso, ajuda mesmo a resolver problemas que, de outro modo, poderiam ser esquecidos. Um dos exemplos é a forma como terminou o caso “massacre da Frescura”, em que oito jovens foram executados na rua em que viviam, um crime que foi largamente mediatizado e alvo de reportagens investigativas de jornalistas angolanos que ajudaram a esclarecer o caso”.
Chamei para aqui o nome do primeiro escriba a ganhar o Prémio Maboque de jornalismo na categoria de Jovens Revelação, por termos abrasado junto o desafio de informar com profissionalismo e isenção tudo o que aconteceria dentro da 5ª Secção do Tribunal Provincial de Luanda.
Não foi nada fácil passar horas e horas dentro daquela sala, as vezes só com o pequeno-almoço no estômago, em pé das 9horas as 17horas e depois ter que se distanciar de tudo e todos para manter-se horas a fio diante do computador a retirar o som e escrever a reportagem. Sem querer menosprezar os esforços desprendidos pelos nossos colegas de outros órgãos de comunicação social que também contribuíram para que o julgamento terminasse da melhor maneira possível.
Voltando ao texto de Suzana Mendes, mais adiante a jornalista esclarece que “embora o tom crítico dos órgãos de comunicação privados como os jornais, as rádios e a única televisão privada do país possa ser encarado por alguns sectores mais conservadores como uma forma de atacar o poder e de um jornalismo do “só para contrariar” e do “tudo vai mal”, a existência desses meios de comunicação é importante, pois permite que haja diversidade de informação e canais para que os cidadãos façam ouvir a sua voz e alertar os governantes do que vai mal e do que pode ser melhorado. Definitivamente: os jornalistas que trabalham nos órgãos de comunicação privados não são da oposição, apenas cumprem com o seu dever de informar com verdade e independência”.
“Ao analisarmos esta questão não podemos ser cegos ao ponto de dizer que a imprensa privada é o melhor lado da imprensa e que não são cometidos erros ou excessos que devem merecer reflexão no seio da classe jornalística, pois, dada a responsabilidade social dos jornalistas e o impacto do trabalho deste sector na formação da opinião pública as falhas devem ser evitadas ao extremo”.
“Feita esta reflexão é importante alertar o país para movimentações que vão ocorrendo de certos círculos do país no sentido de extinguir um dos últimos redutos de imparcialidade do país, ou seja, no sentido de controlar os órgãos de comunicação existentes através da sua extinção a qualquer custo”.
“Caso tal aconteça e se forem intensificados os ataques contra as principais figuras da sociedade civil, corremos o risco de construir uma sociedade do ámen, hipócrita e controlada a base de “morfina”, em que não existe crítica e em que os detentores do poder fazem o que lhes apetece sem obedecer a qualquer regra”.
“Há que se travar esta tendência e garantir que a pluralidade de informação e a liberdade de imprensa sejam um facto e que, parafraseando o reitor de uma das faculdades da Universidade Agostinho Neto, “não se deitem pelo ralo as conquistas do Estado democrático. Uma sociedade sem o contraditório é uma sociedade morta!”

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