segunda-feira, 26 de abril de 2010

CASO NOVA VIDA: Cresce o número de mulheres criminosas

A socióloga criminal Nadir Tati disse ao Tribuna da Kianda que o homicídio terá sido cometido em função de um ciúme patológico de ódio, vingança, prova de poder, não tolerância como também poderá ser resultado de uma forte depressão pós parto que não foi identificada a tempo. Tendo em conta que esta condição afecta muitas mulheres e que se não forem tratadas a tempo pode resultar num crime desta dimensão.
“Tratando-se de um casal com formação superior e com uma vida aparentemente estável, e especialmente com duas crianças pequenas, esta seria um factor a ser levado em consideração pela mulher antes de cometer o crime”, explicou.
Nadir Tati é de opinião que há possibilidade de haver um crime passional onde geram os ciúmes, o amor ofendido e capaz de provocar emoções que de certa forma altera a serenidade do parceiro. Para ela, o facto de a acusada se ter dirigido depois do incidente à Embaixada dos Estados Unidos e de Portugal, no meio da noite, com crianças no carro e a pedir asilo só demonstra que ela não estava psicologicamente bem.
“A psicopatia é um distúrbio mental grave e caracteriza-se por ausência de sentimentos genuínos, frieza, insensibilidade aos sentimentos alheios, desvio de carácter, egocentrismo, manipulação e que atinge homens e mulheres em geral”, explicou.
Acrescentou de seguida que “naturalmente que se uma pessoa tiver um transtorno de personalidade anti-social e que nas mulheres pode passar despercebido durante muito tempo também poderá levar uma pessoa a cometer este tipo de crime”.
A socióloga criminal explicou ao analisar os três crimes que ocorreram alguns dias antes da Páscoa que a criminalidade é um fenómeno normal na sociedade e o crime um fenómeno anormal no indivíduo.
“Neste momento, a nossa sociedade está a passar por um período de desenvolvimento sociopolítico e económico muito rápido em que tivemos a infelicidade de, num curto espaço de tempo, estarmos perante estes casos de violência que o Direito Penal pode exercer a acção punitiva, correctiva e intimidativa no sentido de desmotivar a prática do crime mas, não sobre a criminalidade em geral”.
Quanto as consequências dos crimes do género, Nadir Tati defende que eles são notáveis que acabam por afectar directamente a sociedade ao ponto de se instalar um clima de insegurança, medo e desconfiança.
“As pessoas começam a ter noção que a criminalidade resulta em regras de conduta injustas e imprevisíveis, oprime e é violenta. O que leva-nos a uma conduta cada vez mais individualista e mais atenta”, detalhou.
A nossa interlocutora atestou que as estatísticas demonstram que o número de crimes cometidos por mulheres tendem a aumentar, embora tenham existido sempre, mas muitos deles não são denunciados à Polícia e isso faz com que exista uma carência de dados reais. “A própria Polícia como principal agente neste processo enfrenta dificuldades em lidar com este tipo de crimes que as vezes, mesmo sendo detectados acabam por ser tratados de uma forma especial”, frisou.
Por outro lado, Nadir Tati explicou que quando uma mulher comete um delito, as vítimas são quase sempre familiares, namorado, marido, pessoas ligadas directamente a ela e usa como arma objectos contundentes como facas de cozinha, tesouras.

Psicólogos analisam a acusada

A advogada Nerika Loureiro, acusada de assassinar o seu marido com 11 golpes de tesoura e faca, nas primeiras horas do dia 1 de Abril, foi avaliada esta semana por uma equipa de psicólogos clínicos que trabalham nas cadeias de Luanda.
Segundo informações a que tivemos acesso, o relatório médico entregue aos especialistas da DNIC atesta que a jovem não sofre de nenhuma perturbação mental, o que acaba por contrariar a tese segundo a qual o homicídio resultou de impulsos da perturbação mental de que, alegadamente, padecia.
Os especialistas que observaram a pequena Naio descartaram também a teoria de que o malogrado molestava a sua filha.
Na observação a que foi submetida, detectou-se que a menor de idade não mostra sinais de ruptura ou de que tenha sido alvo de alguma anomalia humana.
O processo de Nerika Loureiro encontra-se em fase da instauração e caso seja provado que foi ela quem praticou o crime, corre o risco de cumprir a pena máxima de 24 anos de cadeia, agravada pela confissão que lhe é atribuída de ter assumido a autoria do acto.
Entendidos que acompanham o processo referem que a pena na qual corre risco de incorrer poderia ser inferior a 24 anos caso se mostrasse arrependida ou se os exames indicassem que sofria de perturbações mentais. Seria detida seguida de acompanhamento médico e outra assistência especial.
Nerika Loureiro é advogada da Sonair e formada em Portugal, enquanto o malogrado era bancário de profissão formado em Portugal e na Inglaterra.
A nossa equipa de reportagem contactou por telefone a prima da advogada, Adélia de Carvalho, na esperança de obter mais informações sobre o assunto, mas não teve sucesso porque esta desligou o telemóvel.

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