segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Escola transformada em estaleiro

Um grupo de encarregados de educação dos alunos da escola Rainha Nynha Katolo, em Viana, manifestou estar totalmente descontente com o Governo Provincial de Luanda (GPL) por ter reduzido os espaços livres que poderiam servir para a ampliação da instituição, atribuindo o terreno com mais de 70 metros quadrados à empresa Viananet.
No documento enviado à nossa redacção, consta que a empresa vedou o espaço e o dividiu em duas partes, transformando uma em estaleiro e a outra em “quartel-general” da sua frota de camiões. “Acreditamos que o espaço seria mais útil se o Governo ampliasse a escola, tendo em conta que a mesma possui um número ínfimo de salas de aulas o que impossibilita a admissão de mais estudantes”, reclamam os prejudicados.
Na esperança de verem o problema resolvido, os educadores endereçaram no ano passado uma carta relatando o sucedido à governadora provincial, mas até agora ainda não viram o problema resolvido apesar de terem recebido uma resposta através de um despacho enviada à administração municipal de Viana.
Contactado por este semanário, o director da Viananet, Viana Inglês, revelou que conseguiu aquela parcela de terra por via de um concurso público realizado há dois anos pela direcção do projecto de habitação social do GPL, denominado Morar, para a construção de uma piscina, um ginásio, um cyber café e uma biblioteca.
“O Governo planeava fazer essas obras no local onde estão os quatro campos de basquetebol, mas de acordo com o então coordenador do projecto Morar, que respondia pelo nome de Maisa, como não tinha verbas realizou o concurso público para adjudicação do mesmo a empresa privada que estivesse habilitada”, explicou.
Depois de receber a autorização para arrancar com as obras, Viana Inglês deslocou-se ao Brasil onde desembolsou 300 mil dólares na compra dos equipamentos e ao chegar à capital do país foi informado que o senhor Maisa falecera e que no seu lugar estava o cidadão Pedro Neto.
“O novo coordenador achou por bem abolir a implementação do projecto no local inicialmente previsto e transferiunos para esta escola, só que passado algum tempo este camarada foi exonerado e o seu substituto impediu-me de implementar o projecto neste recinto”.
Para receber o aval do executivo da governadora Francisca do Espírito Santo, para arrancar com as obras, o empresário enviou também uma missiva ao seu gabinete com o historial do projecto e manifestando a sua disponibilidade em ampliar a instituição de ensino com mais dez salas de aulas.
“Estou neste momento a fazer o meu estaleiro em Viana e, por enquanto, aproveito este espaço para guardar os meus camiões e orientar via rádio os motoristas, mas no próximo mês vou esvaziar o espaço e ficarei a espera do aval do Governo para iniciar a executar o projecto. Não há nenhuma invasão”, concluiu.
Segundo informações a que tivemos acesso, a Governadora exarou no dia 10 de Dezembro de 2008 um despacho abordando o assunto onde atesta que o espaço adjacente a escola destina-se a ampliação da mesma e questiona quem autorizou a sua desanexação.
Para pôr fim ao conflito existente entre os encarregados de educação e o empresário, Francisca do Espírito Santo orientou o vice-governador Bento Soyto (na foto) para resolver o litígio.
O projecto Morar foi criado a 16 de Janeiro de 2007 como parte integrante do programa de aumento da oferta dos serviços básicos à população de Luanda. Segundo a responsável, o programa consiste na criação de condições habitacionais da população, com ênfase para a criação de residências para cidadãos e para grupos mais vulneráveis.

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