Um total de 2.227 angolanos deportados da República Democrática do Congo (RDC) atravessou a fronteira terrestre do Luvo, província do Zaire, o que eleva para mais de 3.500 os repatriados através deste posto, informou nesta quinta-feira a agência Angop. Já o governo da RDC afirma que quatro mil congoleses chegaram ao país na última quarta-feira, depois de serem expulsos por Luanda.
Dados da Direção Provincial da Assistência e Reinserção Social no Zaire, citados pela agência Angop, indicam que, até o final da manhã desta quinta, cerca de 3.500 angolanos expulsos atravessaram a fronteira do Luvo. Além de pelo Zaire, os deportados também entram pelas fronteiras angolanas nas províncias de Cabinda e Uíge.
Os deportados, muitos dos quais moram no país vizinho há anos, se concentram na fronteira do Luvo, 60 quilômetros a norte de Mbanza Kongo, capital da província do Zaire, e afirmam que ficaram sem seus pertences durante a deportação, explica a agência angolana.
As repatriações forçadas do Congo-Kinshasa começaram na segunda-feira, depois que o Parlamento congolês aprovou uma resolução de expulsão de angolanos, o que foi visto por Luanda como uma resposta às operações de deportação de congoleses ilegais das regiões diamantíferas de Lundas Norte e Sul.
A porta-voz do Escritório das Nações Unidas para Coordenação dos Assuntos Humanitários (Ocha), Severine Flores, disse à Rádio Okapi que até semana passada foram recenseados 18 mil congoleses deportados de Angola, sendo 16 mil nos últimos dois meses.
O governador da província angolana do Uíge, Mawete Baptista, afirmou que mais de mil angolanos expulsos da República Democrática do Congo se concentram junto à fronteira de Kimbata.A mesma fonte explicou nesta quinta-feira que, nos próximos dias, são esperados mais 15 mil no mesmo local.
Na fronteira do Luvo, a agência Angop cita Ngonde Manuel, angolano que mora há mais de 53 anos em Kinshasa (RDC) e com status de estrangeiro residente, que afirma ter sido pego de surpresa pelas autoridades migratórias locais e diz ter perdido todos os seus bens.
"Depois de termos sido recolhidos de nossas casas, levaram-nos até a sede comunal, onde fomos submetidos a um interrogatório. Postos aí, disseram-nos que todos os que não possuem um passaporte do país de origem serão repatriados", declarou.Outro caso relatado é o de Nguimbi Sebastião, de 77 anos e que, desde 1947, vive na RDC."
Se estivéssemos a viver ilegalmente naquele país seria outra coisa. Agora temos todos os nossos documentos que nos identificam como estrangeiros residentes, acho que não há motivo de as autoridades migratórias da RDC procederem desta forma", argumentou.
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