A substituir o tijolo de argila, os blocos de cimento são os mais utilizados nas novas construções e a sua produção gera milhares de empregos
O dia amanhece e, com o advento da luz matinal, dezenas de cidadãos de diversas faixas etárias deslocam-se ao bairro do Kikolo para mais um dia de trabalho. No local, os vestuários que trazem no corpo são substituídos por calções, camisas empoeiradas e, de forma animada, arregaçam as mangas segurando pás, baldes de água e transportando sacos de cimento de um lugar para outro dando início assim a mais um dia de trabalho.
O facto deste bairro ser considerado o pioneiro na produção e comercialização de blocos de cimento e areia levou a equipa de reportagem do Tribuna da Kianda a constatar como é desenvolvido actualmente tal ofício. Logo, no primeiro local onde se fez a primeira paragem, deparou-se-nos o cidadão Sabalo Mungongo, 50 anos, a contabilizar os blocos, enquanto o seu colega prepadepender simplesmente do serviço de gerente”.
Sem poder especificar ao certo quanto ganha mensalmente pelo serviço prestado, o “Soba dos blocos”, como também é chamado, revelou que as pessoas que fazem os blocos recebem 500 kwanzas por saco e os arrumadores dependem estritamente do contrato que fazem com os clientes (para carregar e descarregar o valor varia de dez a 15 kwanzas por bloco). “Fica difícil dizer quanto ganho porque o meu salário também não é mensal e depende da quantidade de blocos que vender e da arrumação”, contou.
Sabalo Mungongo explicou que as oscilações registadas no preço do cimento desde o ano passado, o surgimento de novas fábricas de blocos e a expansão desse serviço nos demais municípios provocaram uma queda brusca nas vendas. Contrariamente aos tempos idos, actualmente os fazedores de blocos podem ficar mais de uma semana sem vender.
Com a alegria estampada no rosto, Mungongo contou que é chefe de uma família constituída por oito filhos e que conseguiu resolver o problema da casa própria com dinheiro arrecadado deste tipo de serviço. “Comprei a minha casa graças a esse trabalho, mas hoje em dia os jovens já não conseguem sobreviver apenas com o dinheiro proveniente daqui, porque há muita oferta, pouca procura e os lucros não são muito animadores”, rematou.
Segundo Sabalo Mungongo, antigamente o bairro do Kikolo era considerado como o “berço dos blocos”, porque havia muita gente a comercializar o produto e isso não impedia que cada um deles vendesse diariamente mais de 1000 blocos. “Com o dinheiro arrecadado deste bem dá simplesmente para sustentar os meus oito filhos e comprar alguns materiais escolares”, explicou.
O dia amanhece e, com o advento da luz matinal, dezenas de cidadãos de diversas faixas etárias deslocam-se ao bairro do Kikolo para mais um dia de trabalho. No local, os vestuários que trazem no corpo são substituídos por calções, camisas empoeiradas e, de forma animada, arregaçam as mangas segurando pás, baldes de água e transportando sacos de cimento de um lugar para outro dando início assim a mais um dia de trabalho.
O facto deste bairro ser considerado o pioneiro na produção e comercialização de blocos de cimento e areia levou a equipa de reportagem do Tribuna da Kianda a constatar como é desenvolvido actualmente tal ofício. Logo, no primeiro local onde se fez a primeira paragem, deparou-se-nos o cidadão Sabalo Mungongo, 50 anos, a contabilizar os blocos, enquanto o seu colega prepadepender simplesmente do serviço de gerente”.
Sem poder especificar ao certo quanto ganha mensalmente pelo serviço prestado, o “Soba dos blocos”, como também é chamado, revelou que as pessoas que fazem os blocos recebem 500 kwanzas por saco e os arrumadores dependem estritamente do contrato que fazem com os clientes (para carregar e descarregar o valor varia de dez a 15 kwanzas por bloco). “Fica difícil dizer quanto ganho porque o meu salário também não é mensal e depende da quantidade de blocos que vender e da arrumação”, contou.
Sabalo Mungongo explicou que as oscilações registadas no preço do cimento desde o ano passado, o surgimento de novas fábricas de blocos e a expansão desse serviço nos demais municípios provocaram uma queda brusca nas vendas. Contrariamente aos tempos idos, actualmente os fazedores de blocos podem ficar mais de uma semana sem vender.
Com a alegria estampada no rosto, Mungongo contou que é chefe de uma família constituída por oito filhos e que conseguiu resolver o problema da casa própria com dinheiro arrecadado deste tipo de serviço. “Comprei a minha casa graças a esse trabalho, mas hoje em dia os jovens já não conseguem sobreviver apenas com o dinheiro proveniente daqui, porque há muita oferta, pouca procura e os lucros não são muito animadores”, rematou.
Segundo Sabalo Mungongo, antigamente o bairro do Kikolo era considerado como o “berço dos blocos”, porque havia muita gente a comercializar o produto e isso não impedia que cada um deles vendesse diariamente mais de 1000 blocos. “Com o dinheiro arrecadado deste bem dá simplesmente para sustentar os meus oito filhos e comprar alguns materiais escolares”, explicou.
Cimento determina os preços
O preço do cimento e da área determinam o preço do bloco. Depois do contacto com o mais velho Sabalo, dirigimo-nos em direcção ao Cemi tério do 14 onde encontrámos outro amontoado de blocos que, devido à variedade dificilmente passa despercebida aos olhos dos transeuntes que circulam por aquela zona. Defronte aos materiais estava o jovem Augusto Manuel, 30 anos, solteiro, sentado numa cadeira à espera de clientes.
A poeira deixada pelos automobilistas que circulam na zona não impedia o comerciante de chamar os possíveis fregueses. “Temos as persianas de armazéns (300 Kwanzas), bloco para placa (90 Kwanzas), vigotas (750 Kwanzas o metro) e balaíça (o preço varia de 1000 à 2000 Kwanzas em função do feitio) ”, detalhou Augusto Manuel.
Augusto Manuel que exerce essa actividade há sete anos, em parceria com um tio que é o dono do negócio. Diz que outrora o negócio dava para sobreviver, mas desde que surgiram as empresas especializadas na produção deste material que se regista uma queda.
“Desde que a Zagop começou a fazer as obras de reabilitação da estrada já não há muita clientela e como ficamos com um espaço pequeno para fazer blocos, guardamos os sete mil blocos que temos naquele recinto”, especificou, apontando para um quintal situado no outro lado da estrada. Os blocos de 12 no quintal de Augusto Manuel são comercializados a 85 Kwanzas e o de dez a 75 Kwanzas. “Nós dependemos do preço do cimento, quanto mais subir mais caro será o preço do bloco e vice-versa.
Já a quantidade de sacos feitos por dia depende da procura e do número de trabalhadores que estiverem engajados”, explicou. No local onde Sabalo Mungongo comercializa o mesmo produto, o bloco de dez custa 65 Kwanzas e o de 12, 75 Kwanzas. Para justificar o preço o “Soba dos blocos” diz que este preço é estabelecido pelo facto de estarem a comprar o saco de cimento a 1500 Kwanzas, a cisterna de água de 10 mil litros a 10 mil Kwanzas e a carrada de areia a 35 mil Kwanzas.
“O número de blocos que sai em cada saco varia em função da quantidade de cimento que estiver no saco, visto que em alguns saem 60 e noutros 50 blocos fortes. No meio de tudo não há como vendermos este material num valor inferior a esse porque estaríamos a oferecer”, detalhou Sabalo Mungongo, demonstrando um ar de tristeza.
Contrariamente ao seu colega que é obrigado a adquirir água nos camiões cisternas, Augusto Manuel revelou que utilizam a água do esgoto da fábrica de tecidos e malhas Textang II e que em cada saco de cimento tira 45 blocos. “Não temos um salário fixo porque dependemos da quantidade de blocos que vendermos. Se não aparecer clientes durante uma semana paralisamos a produção e tão logo comercializamos uma pequena quantidade retiramos os dividendos e retornamos”.
Os produtores são unânimes em afirmar que o comércio tem maior saída aos sábados e domingos. “Apesar d este negócio não render muito é melhor do que ficar desempregado ou enveredar para a vida do crime. Só para terem uma ideia, no final de semana chegamos a vender mais de quatro mil blocos só num dia”.
O preço do cimento e da área determinam o preço do bloco. Depois do contacto com o mais velho Sabalo, dirigimo-nos em direcção ao Cemi tério do 14 onde encontrámos outro amontoado de blocos que, devido à variedade dificilmente passa despercebida aos olhos dos transeuntes que circulam por aquela zona. Defronte aos materiais estava o jovem Augusto Manuel, 30 anos, solteiro, sentado numa cadeira à espera de clientes.
A poeira deixada pelos automobilistas que circulam na zona não impedia o comerciante de chamar os possíveis fregueses. “Temos as persianas de armazéns (300 Kwanzas), bloco para placa (90 Kwanzas), vigotas (750 Kwanzas o metro) e balaíça (o preço varia de 1000 à 2000 Kwanzas em função do feitio) ”, detalhou Augusto Manuel.
Augusto Manuel que exerce essa actividade há sete anos, em parceria com um tio que é o dono do negócio. Diz que outrora o negócio dava para sobreviver, mas desde que surgiram as empresas especializadas na produção deste material que se regista uma queda.
“Desde que a Zagop começou a fazer as obras de reabilitação da estrada já não há muita clientela e como ficamos com um espaço pequeno para fazer blocos, guardamos os sete mil blocos que temos naquele recinto”, especificou, apontando para um quintal situado no outro lado da estrada. Os blocos de 12 no quintal de Augusto Manuel são comercializados a 85 Kwanzas e o de dez a 75 Kwanzas. “Nós dependemos do preço do cimento, quanto mais subir mais caro será o preço do bloco e vice-versa.
Já a quantidade de sacos feitos por dia depende da procura e do número de trabalhadores que estiverem engajados”, explicou. No local onde Sabalo Mungongo comercializa o mesmo produto, o bloco de dez custa 65 Kwanzas e o de 12, 75 Kwanzas. Para justificar o preço o “Soba dos blocos” diz que este preço é estabelecido pelo facto de estarem a comprar o saco de cimento a 1500 Kwanzas, a cisterna de água de 10 mil litros a 10 mil Kwanzas e a carrada de areia a 35 mil Kwanzas.
“O número de blocos que sai em cada saco varia em função da quantidade de cimento que estiver no saco, visto que em alguns saem 60 e noutros 50 blocos fortes. No meio de tudo não há como vendermos este material num valor inferior a esse porque estaríamos a oferecer”, detalhou Sabalo Mungongo, demonstrando um ar de tristeza.
Contrariamente ao seu colega que é obrigado a adquirir água nos camiões cisternas, Augusto Manuel revelou que utilizam a água do esgoto da fábrica de tecidos e malhas Textang II e que em cada saco de cimento tira 45 blocos. “Não temos um salário fixo porque dependemos da quantidade de blocos que vendermos. Se não aparecer clientes durante uma semana paralisamos a produção e tão logo comercializamos uma pequena quantidade retiramos os dividendos e retornamos”.
Os produtores são unânimes em afirmar que o comércio tem maior saída aos sábados e domingos. “Apesar d este negócio não render muito é melhor do que ficar desempregado ou enveredar para a vida do crime. Só para terem uma ideia, no final de semana chegamos a vender mais de quatro mil blocos só num dia”.
Placas substituem os blocos
Defronte à Textangue II encontrámos outro grupo de jovens que exercem essa actividade, engajados na venda de vigas a um cliente que se fazia transportar numa carrinha branca. Enquanto uns contabilizavam os materiais, os outros transportavam-nas para a carroçaria do automóvel.
Defronte à Textangue II encontrámos outro grupo de jovens que exercem essa actividade, engajados na venda de vigas a um cliente que se fazia transportar numa carrinha branca. Enquanto uns contabilizavam os materiais, os outros transportavam-nas para a carroçaria do automóvel.
O Constantino de Matos Ferreira (na foto), 32 anos, sete dos quais a exercer essa actividade, contou que para além da produção de blocos, vigas, tijoleiras e persianas, também fazem trabalhos de escavação de tanque, fossas sépticas e enchimento de placas. “É bem verdade que há carência de clientes, mas conseguimos sobreviver porque às vezes também aparecem pessoas a solicitarem-nos para cavarmos buracos ou enchermos placas”, disse o interlocutor.
Questionado quanto cobram pela execução de um desses serviços, Constantino Ferreira disse que depende das dimensões e da área, “se for para cavar um buraco para tanque de 15 mil litros no bairro da Ecocampo, por exemplo, cobramos 500 dólares já se for numa próxima o preço varia de 300 a 350 dólares, para um tanque de 12 ou 13 mil litros”. Constantino Ferreira aclarou que o valor da placa varia também em função das medições, da camada e do proprietário da obra, “há patrão que aceita pagar 100 dólares a cada pessoa só num dia e há outros que desembolsam apenas 75 dólares”.
O nosso interlocutor que foi escolhido pelos seus colegas para prestar declarações a O PAÍS, disse que para executarem este tipo de serviço engajam-se normalmente 20 pessoas e passam a noite ou o dia todo a trabalhar. “O dinheiro que sai daqui dá para viver, tanto é que todos nós temos casa própria e vivemos com as nossas famílias. Eu tenho quatro filhos e consigo levar a vida desse jeito”, frisou.
O grupo de Constantino Ferreira é constituído por cerca de 10 indivíduos e todos eles estão disponíveis para se deslocarem para outros pontos da cidade, sempre que necessário, para fazerem blocos desde que o cliente disponibiliza-se a arcar com as despesas do transporte e acomodação. “Para além dos clientes que vêem até aqui, há ainda outros que têm 100 ou 200 sacos de cimento e contratam-nos para fazer os blocos no seu terreno.
Neste caso, ficamos no local até fazermos todos os sacos e cobramos 500 Kwanzas cada um”, rematou, acrescentou de seguida que “o preço estipulado pela nossa permaneça no local pode ainda ser alterado caso ele garante a alimentação”. Contrariamente aos outros locais por onde passamos, Constantino Ferreira e os seus amigos trabalham por conta própria e têm estabelecido uma parceria com a dona do quintal que consiste simplesmente em fornecer-lhe mensalmente 150 blocos.
“Os donos dos terrenos normalmente estabelecem esse método de pagamento para juntarem material para construírem as suas residências porque, vejamos: cada bloco de 12 são 80 Kwanzas e se tivéssemos que fazer o pagamento em dinheiro seria 12 mil Kwanzas”, rematou.
Por seu turno, Mateus Garcia, um dos arrumadores de blocos, confidenciou a este jornal que já conseguiu comprar um terreno e que está a reunir todas as condições para construir a sua casa com o dinheiro arrecadado deste serviço.
Questionado quanto cobram pela execução de um desses serviços, Constantino Ferreira disse que depende das dimensões e da área, “se for para cavar um buraco para tanque de 15 mil litros no bairro da Ecocampo, por exemplo, cobramos 500 dólares já se for numa próxima o preço varia de 300 a 350 dólares, para um tanque de 12 ou 13 mil litros”. Constantino Ferreira aclarou que o valor da placa varia também em função das medições, da camada e do proprietário da obra, “há patrão que aceita pagar 100 dólares a cada pessoa só num dia e há outros que desembolsam apenas 75 dólares”.
O nosso interlocutor que foi escolhido pelos seus colegas para prestar declarações a O PAÍS, disse que para executarem este tipo de serviço engajam-se normalmente 20 pessoas e passam a noite ou o dia todo a trabalhar. “O dinheiro que sai daqui dá para viver, tanto é que todos nós temos casa própria e vivemos com as nossas famílias. Eu tenho quatro filhos e consigo levar a vida desse jeito”, frisou.
O grupo de Constantino Ferreira é constituído por cerca de 10 indivíduos e todos eles estão disponíveis para se deslocarem para outros pontos da cidade, sempre que necessário, para fazerem blocos desde que o cliente disponibiliza-se a arcar com as despesas do transporte e acomodação. “Para além dos clientes que vêem até aqui, há ainda outros que têm 100 ou 200 sacos de cimento e contratam-nos para fazer os blocos no seu terreno.
Neste caso, ficamos no local até fazermos todos os sacos e cobramos 500 Kwanzas cada um”, rematou, acrescentou de seguida que “o preço estipulado pela nossa permaneça no local pode ainda ser alterado caso ele garante a alimentação”. Contrariamente aos outros locais por onde passamos, Constantino Ferreira e os seus amigos trabalham por conta própria e têm estabelecido uma parceria com a dona do quintal que consiste simplesmente em fornecer-lhe mensalmente 150 blocos.
“Os donos dos terrenos normalmente estabelecem esse método de pagamento para juntarem material para construírem as suas residências porque, vejamos: cada bloco de 12 são 80 Kwanzas e se tivéssemos que fazer o pagamento em dinheiro seria 12 mil Kwanzas”, rematou.
Por seu turno, Mateus Garcia, um dos arrumadores de blocos, confidenciou a este jornal que já conseguiu comprar um terreno e que está a reunir todas as condições para construir a sua casa com o dinheiro arrecadado deste serviço.
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