A história das demolições de residências nos bairros do Iraque e Bagdad, no município do Kilamba Kiaxi, em Luanda, desencadeada por uma equipa do Governo Provincial escoltada por efectivos da Polícia Nacional e das Forças Armadas Angolanas (FAA) tornou-se o tema de conversa em todos os cantos da cidade. Não importa o local. No taxi ou numa repartição pública, basta estarem duas ou mais pessoas que o assunto era as demolições.
Informações divulgadas pelos jornais com periodicidade semanal em Angola dão conta que quinze mil pessoas perderam os seus pertences, como fruto da intervenção do peso de dez máquinas pesadas. Tal vez esse facto terá despertado o interesse dos cidadãos a não resistirem em tecer algum comentário.
Como o meu velho companheiro Toyota Starlet decidiu fazer àquela paragem momentânea e normal para todas as viaturas provenientes da Europa, fui obrigado a andar de taxi na manhã nublosa do sábado, 1, com destino à universidade. No candongueiro, como são chamado os taxis aqui na banda, encontrei duas passageiras, cuja idade revelavam estar acima dos 50 anos, a debruçarem sobre o assunto das demolições fazendo uma mistura da língua tradicional kimbimdu com o português.
Pela forma revoltada como abordavam o tema dava logo a entender que nem a conferência provincial sobre Urbanismo e Habitação, realizada um dia antes no Centro de Convenções de Talatona foi suficiente para as autoridades desviarem as atenções da população.
A azáfama nos dois bairros, ocorreu numa vasta área em que se encontravam erguidas milhares de casas desde o condomínio Jardim do Édem e se estendia até ao Lar do Patriota. Entre os moradores, os mais corajosos tentaram retirar os seus pertences no mesmo instante em que as máquinas deitavam abaixo as suas residências. Ludibriando as forças para-militares que guardavam o local. Enquanto os menos corajosos assistiam em estado de choque as demolições.
As minhas companheiras de viagens convidavam assim os demais a participaram do debate. Logo na primeira paragem após a minha, subiu outra passageira mestiça que ao se aperceber do conteúdo da conversa sorria de forma camuflada do linguajar utilizado pelas comunicadoras. De um jeito meio inusitado e na esperança de conseguir obter entre os passageiros a tradução das frases em kimbundo que me escapavam, questionei aos jovens se estavam o compreender.
Eis que como num passo de mágica, o jovem que ocupava um lugar depois do meu pôs-se a traduzir literalmente tudo. “A maior parte das pessoas viviam ali desde 2003 e compraram o terreno nas mãos dos funcionários da administração”, disparou questionando de seguida as anciãs se estava certo ou errado. Recebendo um sim como resposta.
As viajantes contavam que um dos meios de comunicação social noticiou que uma senhora enforcou-se devido à demolição do seu mini-prédio. “A mulher não suportou os danos causados pela demolição do seu imóvel e matou-se deixando quatro filhos”, contou uma delas com um tom que entristeceu os demais passageiros e instalou um clima de revolta. “Mas esse Governo não respeita mesmo o povo. As pessoas já perderam tudo o que tinham com a guerra e agora que conseguiram construir com muito suor o sítio para se protegerem do sol, da chuva, dos marginais e das noites frias ele manda partir. Que brincadeira é essa?”, questionou, acrescentando de seguida que “assim mesmo a pessoa que mandou demolir às casas consegue dormir em paz com a sua família, enquanto os outros estão ao relento”.
Com uma voz enfurecida a outra interlocutora respondeu “se isso acontecesse comigo transformaria o vice-governador, Bento Soito em cão. Assim estaríamos todos na mesma situação, pois embora um cão não mereça ser tratado desta forma”.
Informações divulgadas pelos jornais com periodicidade semanal em Angola dão conta que quinze mil pessoas perderam os seus pertences, como fruto da intervenção do peso de dez máquinas pesadas. Tal vez esse facto terá despertado o interesse dos cidadãos a não resistirem em tecer algum comentário.
Como o meu velho companheiro Toyota Starlet decidiu fazer àquela paragem momentânea e normal para todas as viaturas provenientes da Europa, fui obrigado a andar de taxi na manhã nublosa do sábado, 1, com destino à universidade. No candongueiro, como são chamado os taxis aqui na banda, encontrei duas passageiras, cuja idade revelavam estar acima dos 50 anos, a debruçarem sobre o assunto das demolições fazendo uma mistura da língua tradicional kimbimdu com o português.
Pela forma revoltada como abordavam o tema dava logo a entender que nem a conferência provincial sobre Urbanismo e Habitação, realizada um dia antes no Centro de Convenções de Talatona foi suficiente para as autoridades desviarem as atenções da população.
A azáfama nos dois bairros, ocorreu numa vasta área em que se encontravam erguidas milhares de casas desde o condomínio Jardim do Édem e se estendia até ao Lar do Patriota. Entre os moradores, os mais corajosos tentaram retirar os seus pertences no mesmo instante em que as máquinas deitavam abaixo as suas residências. Ludibriando as forças para-militares que guardavam o local. Enquanto os menos corajosos assistiam em estado de choque as demolições.
As minhas companheiras de viagens convidavam assim os demais a participaram do debate. Logo na primeira paragem após a minha, subiu outra passageira mestiça que ao se aperceber do conteúdo da conversa sorria de forma camuflada do linguajar utilizado pelas comunicadoras. De um jeito meio inusitado e na esperança de conseguir obter entre os passageiros a tradução das frases em kimbundo que me escapavam, questionei aos jovens se estavam o compreender.
Eis que como num passo de mágica, o jovem que ocupava um lugar depois do meu pôs-se a traduzir literalmente tudo. “A maior parte das pessoas viviam ali desde 2003 e compraram o terreno nas mãos dos funcionários da administração”, disparou questionando de seguida as anciãs se estava certo ou errado. Recebendo um sim como resposta.
As viajantes contavam que um dos meios de comunicação social noticiou que uma senhora enforcou-se devido à demolição do seu mini-prédio. “A mulher não suportou os danos causados pela demolição do seu imóvel e matou-se deixando quatro filhos”, contou uma delas com um tom que entristeceu os demais passageiros e instalou um clima de revolta. “Mas esse Governo não respeita mesmo o povo. As pessoas já perderam tudo o que tinham com a guerra e agora que conseguiram construir com muito suor o sítio para se protegerem do sol, da chuva, dos marginais e das noites frias ele manda partir. Que brincadeira é essa?”, questionou, acrescentando de seguida que “assim mesmo a pessoa que mandou demolir às casas consegue dormir em paz com a sua família, enquanto os outros estão ao relento”.
Com uma voz enfurecida a outra interlocutora respondeu “se isso acontecesse comigo transformaria o vice-governador, Bento Soito em cão. Assim estaríamos todos na mesma situação, pois embora um cão não mereça ser tratado desta forma”.
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