quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Carrascos do Benfica estão na cadeia

Os supostos efectivos da Direcção Provincial de Investigação Criminal (DPIC) de Luanda que estiveram envolvidos no assassinato dos jovens Willian Marques Luís (Liro Boy), Hamiltom Pedro Luís (Kadu) e Kléber Teodoro, na comuna do Benfica, encontram-se detidos.
Esta informação foi revelada ao Tribuna da Kianda esta terça-feira, 16, pelo segundo comandante-geral da Polícia Nacional para a Ordem Pública, comissário-chefe Paulo de Almeida.
Apesar de não avançar os detalhes da operação que resultou na detenção dos acusados, Paulo de Almeida, explicou que eles foram detidos na mesma semana em que garantiu, em conferência de imprensa, que os peritos da Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC) estavam a desenvolver todas as diligências para detê-los.
Questionado sobre a razão da não apresentação pública dos acusados, conforme prometera, o comissário-chefe declarou que esta é uma actividade que competiria unicamente ao Comando Provincial de Luanda e que só os seus responsáveis estão em condições de dizer as razões que os levaram a não realizar tal acto.
“Os órgãos judiciais têm que intervir, sobretudo as procuradorias para legalizarem as diligências que precisam de ser feitas e tudo indica que nos próximos dias estaremos em condições de dizer publicamente quem são os autores desta barbárie”, garantiu há seis meses o oficial da Polícia.
Embora não domine perfeitamente este dossiê, Paulo de Almeida demonstrou acreditar piamente que o processo que envolve os supostos polícias que estão envolvidos neste homicídio já deu entrada nos órgãos de justiça.
Durante o encontro com os jornalistas realizado no Comando Geral da Polícia Nacional, para prestar informações acerca do assunto, o comissário-chefe declarou que caso ficasse provado a participação de membros do seu efectivo na execução destes crimes, seriam entregues à justiça para que fossem julgados em função do que está estabelecido na Lei, visto que esta pratica não faz parte da natureza da corporação.
No momento em que o segundo comandante-geral prestou estas informações, os peritos da DNIC estavam a averiguar se a operação foi superiormente orientada e, se assim fosse, o que ocorreu na realidade para que detivessem aqueles dois jovens inocentes que apareceram mortos.
“De acordo com as investigações levadas a cabo, há alguns indícios (do envolvimento de membros da corporação), mas como estamos numa fase de instrução do processo, achamos por bem que algumas coisas ainda sejam reservadas, para podermos ter melhores resultados nas nossas averiguações”, frisou na altura.

Paradeiro incerto
De acordo com uma outra fonte deste jornal destacado na DNIC, os supostos autores do crime se encontram em liberdade e a exercer a sua actividade em diversas unidades policiais. Dois dias depois de ter cometido os homicídios, os peritos da DPIC destacados na esquadra do Benfica foram notificados a comparecerem naquela instituição.
Quem também se juntou ao coro das pessoas que exigiram as autoridades policiais que apresentassem os autores do crime, foi o então ministro do Interior, Roberto Leal Monteiro “Ngongo” (na foto), que, na véspera das comemorações do 31o aniversário da Polícia Nacional, ordenou aos responsáveis da corporação que apresentassem os homicidas.
Segundo uma outra fonte da Direcção de Inspecção do Ministério, os investigadores que ali se encontravam foram notificados na altura por este departamento para prestarem informações sobre esta ocorrência, mas não compareceram com medo que tivessem o mesmo destino que os autores do Caso Frescura.
O Tribuna da Kianda tentou contactar a direcção de comunicação e imagem do Comando Provincial de Luanda para obter esclarecimentos sobre os motivos que levaram a não apresentação públicas dos indivíduos, mas não teve êxito.

Advogados sem informações
A equipa de cinco advogados da Associação “Mãos Livres” constituída para defender os familiares do jovem Kleber Teodoro, 25 anos, endereçou uma carta ao Comando Geral da Polícia Nacional e à Procuradoria Geral da República manifestando a sua preocupação face a falta de informação.
O secretário-geral da “Mãos Livres, organização filantrópica que zela pela defesa dos direitos humanos, Salvador Freire dos Santos, manifestou a este jornal que estão preocupados com a falta de informação sobre o processo e esperam que os órgãos a quem endereçaram as cartas exijam das autoridades policiais maior celeridade.
Os jovens Kléber Teodoro, 25 anos, Hamilton Kadu, 21 anos, e Willian Luís “Liro Boy”, de 19 anos, foram assassinados na madrugada de segunda-feira, 11 de Abril. Os dois últimos eram primos e viviam em permanente conflitos pelo facto de o malogrado mecânico Kadu não concordar com o estilo de vida que o Liro Boy levava.
Por sua vez, Kléber Teodoro, o mais velho dos jovens assassinados, saiu de Angola com sete anos de ida de, com destino à Zambia, passou pelo Zimbabwe, onde licenciou-se em informática. Estava no nosso país há menos de seis meses quando foi assassinado.

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